395. Apontamento
Brasilino Godinho
07/Abril/2020
EU TIVE UM LAMPEJO DE ESPERANÇA!
MAS… DE NADA ME VALEU!
01. Devo confessar aquilo que
afinal é do conhecimento dos leitores mais atentos aos meus textos e informar que
nem me interrogo se é pecado, embora julgue que é minha peculiar virtude: sou
um grande admirador/venerador do verdadeiro, esplendoroso e belo ornamento da
Natureza que costumo de designar por eterno feminino, ele magnificamente
configurado na Mulher.
Por isso me é sempre penoso
criticar acerbamente uma pessoa do sexo feminino.
Nos últimos meses muito tenho
escrito depreciando a actuação da directora-geral de Saúde. Mais do que
invectivar a pessoa, os meus reparos incidem sobre a forma como ela vem
exercendo as funções inerentes ao elevado cargo oficial. Os leitores talvez
venham reparando que nem uma única vez lhe cito o nome, tal e qual como vem
sucedendo com os reparos que venho fazendo à ministra da Saúde. Não quero
amesquinhar pessoalmente as duas criaturas femininas. Faço a distinção entre as
pessoas, os cargos e as infelizes, controversas atitudes. Ponto final,
parágrafo!
02. A senhora directora-geral de
Saúde no transacto mês de Março, provavelmente em dia de devaneio espiritual, lançou
a público uma recomendação que me despertou interesseira atenção, embora
contendo a inquietante observação de que procedimento a ter “em última
análise”.
Ela disse que: “se for preciso,
em última análise, podem sempre recorrer à horta de um amigo”.
Como facilmente se intui relativamente
ao indígena cidadão sensível que sou, com créditos firmados neste específico
domínio pessoal, fiquei em pulverosa e desde então, mesmo sem sair de casa,
pus-me em campo para bem me documentar sobre o número, a localização e a
disponibilidade de amigos dispostos a facultarem o acesso às suas hortas e o aprovisionamento
de produtos hortícolas por parte do Brasilino Godinho.
Verdade devo comunicar aos meus
leitores de que antecedendo essa ingente tarefa de pesquisa, hei tido momentos
de aflição para aperceber a conjuntura, complexidade, quiçá gravidade,
conjugadas ou articuladas com a enigmática prevenção “se for preciso”. Não
conseguindo chegar a inequívocas conclusões neste crucial ponto de
inconformidade com a certeza que se me impunha acolher na minha mente e
disposição de melhor me enquadrar na imperativa advertência da senhora
directora-geral da Saúde, passei a debruçar-me sobre outra questão suscitada
pela mesma senhora, alta funcionária do Estado português; o qual, muito tem de
torto…
E não é que me vi em palpos-de-aranha
em alcançar dados elucidativos sobre as análises que teriam de ser formuladas
precedendo naturalmente a “última análise”, aludida pela citada senhora da alta
hierarquia do Estado que temos por sorte malvada…
Todavia, logo que li a imperiosa
directiva da referida senhora considerei que implicava um incómodo e algo
agressivo abuso de confiança a ideia de, forçosamente, “sempre recorrer à horta
de um amigo.”
Pois tenho de reconhecer e
anunciar a minha total incapacidade para apreender com sentido científico e
hipótese de acerto as tais análises, os seus teores e os termos dos
considerandos e das sanitárias conclusões…
Portanto, bastante frustrado, com
amargo de boca e alguma tremura na pena com que fui rabiscando os elementos
informativos da pesquisa das hortas, feita nas áreas campesinas e urbanas,
tenho vindo empenhado em dar cumprimento à recomendação da senhora
directora-geral da Saúde.
A rematar tão inglória e
absorvente tarefa, é a altura de aqui apresentar sucinto relato sobre o que tem
sido tanta trabalheira e o respectivo resultado.
03. A mencionada operação de
apuramento estatístico do número de amigos e das hortas disponíveis
evidenciou-se por ser bastante frustrante quanto ao objectivo enunciado.
Estive empenhado em coligir nomes
e locais das hortas, mas infelizmente depois de coligir alguns nomes de amigos
na cidade de Aveiro, onde resido, (para o efeito aventado pela senhora autora
da recomendação, não havia interesse em incluir na lista outros fora de portas,
inacessíveis a qualquer assalto tipo de raposa a galinheiro¸ mesmo considerando
que em transe de aflição me tornava assaltante) cheguei a uma imprevista
conclusão: não tenho qualquer amigo na cidade e concelho de Aveiro que possua
hortas e a quem eu possa recorrer conforme me foi indicado pela senhora
directora-geral.
04. Espero que a senhora que foi tão
solícita a apontar-me o caminho das hortas dos meus amigos, me elucide como me
irei safar do imbróglio que voluntariamente me criou; quer sua excelência se
atenha a uma primeira análise ou se contemple “em última análise” do seu invulgar
e impreciso mandato de directora-geral de Saúde…
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