396. Apontamento
Brasilino Godinho
08/Abril/2020
O PERSISTENTE VÍRUS DO FAZ-DE-CONTA
QUE INFERNIZA NOSSA VIDA COLECTIVA
O1. Em
Portugal, se actualmente o teatro, como arte cénica, está atravessando uma
crise acentuada, pelo contrário, na versão de teatro-circo representativo da
vivência sociopolítica da nação portuguesa, ele está radicado e expondo-se
exuberantemente, mesmo na conjuntura da calamidade da Covid-19 que nos aflige e
muito dramática se evidencia ao compasso do tempo.
Sabemos que a arte teatral tem a particularidade de
ser expressão do fingimento e da ilusão. Na qualidade de teatro-circo
espelhando aquilo que é a sociedade portuguesa nele se patenteia e realça a
hipocrisia reinante no espectro sociopolítico de Portugal.
A hipocrisia que por todos os lados nos atinge e o
expediente do faz-de-conta geraram um clima de total desconfiança entre as
pessoas e relativamente a instituições e a autoridades de qualquer natureza,
funcionalidade e sistema institucional.
E no campo político/administrativo o descrédito é
total. Infelizmente aceite como coisa que se entranhou na sociedade e contra a
qual pouco haverá a contrapor e repudiar. Os portugueses acomodaram-se e
negligentemente suportam todos os desvarios de gente poderosa e dos seus
serviçais, testas-de-ferro, capatazes e capangas, dispersos por todo o
território nacional; que afinal, lhe permite governar a bel-prazer a sua
“Quinta Lusitana” em que transformaram Portugal.
02. Agora numa situação terrível de calamidade decorrente
da Covid-19, a hipocrisia é reflectida pelo expediente do faz-de-conta usado
pelas autoridades sanitárias; as quais é suposto estarem, a partir de Lisboa, a
comandar a luta contra o invisível coronavírus; mas de tal forma canhestra que não
deixa margem de credibilidade para os dados que diariamente constam dos
boletins lidos nas televisões.
Creio firmemente e face ao muito que conheço de
práticas obscuras das autoridades deste país, que a maioria esmagadora dos
portugueses está a léguas de distância de saber qual é a verdadeira dimensão do
flagelo do coronavírus em Portugal.
Dou-me conta dos estudos de conceituados
professores em que prevalece a obsessão de preverem quando em Portugal se
atingirá o pico da pandemia. Todos esses especialistas, de várias áreas da
Ciência, prevalecem-se dos números apresentados pela Direcção-Geral de Saúde,
porque não têm outros e por concederem, não o benefício da dúvida, mas sim a tácita
aceitação da credibilidade – que se me afigura de todo inaplicável ao objecto
dos estudos ou conforme à realidade da horrível patologia.
Pelo que me diz respeito, nem sequer leio as
previsões sobre as hipotéticas datas em que serão atingidos os picos da
intensidade da Covid-19, pela simples razão de serem baseados em dados não
credíveis.
03.Repito: estou convencido que pela Direcção Geral
de Saúde não é facultado o conhecimento da realidade da situação sanitária da
nação portuguesa.
Tenho bem presente o que tem sido o incrível
palavrório contraditório e inconsequente usado e abusado pelas autoridades
governamentais.
Termino com uma citação sintomática: o chefe do
Governo ousou dizer que não faltava nada, nem faltaria no Serviço Nacional de
Saúde. Logo no início da propagação do vírus e até hoje, se constatou que - de
facto e muito bem notado e divulgado - as carências no Serviço Nacional de
Saúde eram enormes, causando grandes complicações ao regular funcionamento dos
Hospitais e que até, para cúmulo das inadmissíveis falhas de equipamentos de
segurança, propiciaram condições de contágio da Covid-19 aos médicos,
enfermeiros e outros trabalhadores das instituições agregadas ao Serviço
Nacional de Saúde.
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