402. Apontamento
Brasilino Godinho
15/Abril/2020
NUM PAÍS QUE É VIVEIRO DE VÍRUS
MAIS UM PARA INFERNIZAR A VIDA
01. A maioria dos portugueses não
tem a percepção do verdadeiro estado sanitário do país que é crónico, de
ancestrais precedentes, que se agravou no século XX e neste nosso tempo atingiu
o paroxismo aterrador com o surto da pandemia Covid-19. Diria mesmo que estamos
num tempo climatérico que se prenuncia como de últimos paroxismos.
02. Sem muito recuar no espaço temporal
e focando as décadas do Estado Novo os portugueses acomodaram-se à convivência
diária com três vírus: fado, fátima e futebol; quais estupefacientes que lhes
foram corroendo a pouca imunidade e a fraca destreza de espírito de que estavam
possuídos e os infectou de forma determinante e bastante ostensiva das
patologias do sonambulismo, da apatia, do conformismo, do analfabetismo e do
fanatismo que dir-se-ia gregário – o que, manifestamente, se traduzia no
desacerto e ou inoperância com que enfrentavam as agruras da vida e as
opressões a que se submetiam com alguma ligeireza de ânimo.
Nessa altura emergiu uma classe de
possidentes que foi radicando posições de mando e de domínio do território
nacional a tal extremo ponto que o transformou numa sua quinta: QUINTA LUSITANA
– por mim assim designada.
03. Em 1974 eclodiu a “Revolução
dos Cravos. Então a classe de possidentes que, em data mais ou menos recente,
foi denominada de “DONOS DISTO TUDO”, sofreu um abanão que a deixou em transe.
Um abalo de que poucos anos decorridos se recompôs. E de que maneira!
Hoje, essa gente tem um enorme
poder – inteiramente conexado com a expressão que lhes confere significação
semântica “DONOS DISTO TUDO” - que é tão abrangente, profundo e algo arrasador
do tecido social que, neste aspecto, se assemelha ao ímpeto mortífero do vírus corona.
04. Chegado a este ponto de
referência letal, não devo omitir: quer o surgimento do vírus da partidocracia
que tem sido muito nocivo no que concerne à decadência sistemática da Nação e
ao empobrecimento de inúmeros portugueses; quer as mortes causadas pela
abominável austeridade de data não muito recuada e que teve como mentores e
instigadores os “DONOS DISTO TUDO” que na sombra, como é de seu hábito,
manejaram os cordelinhos com que foram ”enforcados” inúmeros cidadãos portugueses.
05. Na actualidade, de terrível
virulência pneumónica e como se não bastassem as patologias e os vírus acima
citados (pontos n.ºs 02 e o4) a Covid-19 veio dar alento a negócios desses
herdeiros senhoris; não obstante o facto de que, sentindo-se ameaçados, se
refugiem em iates e aposentos bunkers de luxo, convencidos que estarão imunes
de contágio do vírus.
06. Das declarações de Christine Lagarde e do
deputado do PSD, da Guarda, de triste figura e adorno da peste parlamentar,
feitas meses antes de surgir o vírus corona, não nos devemos alhear. A senhora disse
que os velhos eram um perigo latente para a economia e que urgia inverter esse
perigo. O deputado foi incisivo; “ é preciso acabar com a “peste grisalha”.
O presidente Trump acaba de anunciar que os Estados
Unidos deixam de comparticipar financeiramente a Organização Mundial de Saúde –
o que trará reflexos muito negativos no combate contra a Covid-19 a nível
mundial.
No instante que escrevo Trump acaba de ser acusado
de crime contra a humanidade. Justa acusação!
Face ao que está acontecendo a
nível local e mundial isto nada diz ou incomoda as pessoas em Portugal?
07. Na capital alfacinha, o chefe
do Governo vai dizendo que para o mês que vem serão reatadas algumas
actividades e reabertas as escolas.
Sua excelência não está com os
pés bem assentes no terreno e nele mal pisa, denotando bastante ligeireza nessa
locomoção. Seguramente por aquilo que se vai conhecendo do potencial de
disseminação do vírus corona e das suas características, nada permite admitir
que a situação da pandemia em Maio proporcione condições de mínima segurança aos
cidadãos. E assim sendo, abrandar as medidas de contenção da patologia, que é
muitíssimo perigosa e mortífera, afigura-se como uma descabida, muito arriscada
e algo leviana, opção do governo. Primeiro que tudo é imprescindível regredir acentuadamente
os números de infectados e circunscrever a mortandade a escassos dígitos.
Aliás, nem os médicos
especialistas de epidemiologia arriscam dar palpites sobre a evolução da
pandemia em Portugal.
08. Por outro lado, o que tem
sido o rol de contraditórias previsões e precárias actuações funcionais das
duas senhoras vedetas da Televisão, no domínio do combate à Covid-19, não
facilita a assumpção de credibilidade ao palavreado que vão debitando frente às
câmaras televisivas.
Impõe-se manter a vigência das medidas
de contenção e isolamento, reforçadas com o uso de máscaras generalizado a toda
a população; conforme estão insistentemente recomendando a Ordem e os
Sindicatos dos Médicos.
Há que não cair na tentação de
aliviar as determinantes medidas de contraposição à Covid-19, cedendo à ideia, ocasionalmente,
decorrente de se observar uma eliminação aparente do vírus.
Aliás, o distanciamento social pode ser
necessário até 2022, segundo estudo da Universidade de Harvard, hoje publicado
nos Estados Unidos da América.
09. Prosseguir com a manutenção e
a recomendada operacionalidade das medidas em curso associadas a outras mais
objectivas a implementar no imediato, é o procedimento mais racional, sensato e
ausceptível de se alcançarem melhores, rápidos e consolidados, resultados na guerra
em curso. Previsível que com tal orientação não se entraria numa incontrolável
sequência de períodos, alternando melhorias situacionais com ressurgimentos e intensivos
agravamentos da pandemia.
PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR.
Precisamente, um ditame que tem falhado em toda a
linha nas intervenções da portuguesa Direcção Geral de Saúde (DGS).
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