273. Apontamento
Brasilino Godinho
15-9-2019
COM PASSAS E BOLOS,
FADOS E CANÇONETAS,
FUTEBÓIS E
”POLÍTICOS”,
SE ENGANAM OS TOLOS!
Ao começo desta noite, no decorrer da emissão de notícias de
um canal de televisão, de-repente sou surpreendido pelo falatório de uma senhora
que dir-se-ia ser galinácea de crista murcha; a qual, não parava de cacarejar
na feira de Viseu, perante o jovem repórter que a ouvia embevecido, como que
exposto em êxtase.
Assim, imprevistamente, em mim aflorou a atenção para um fenómeno
rotineiro em Portugal.
Qual seja o de, neste país, vivermos em quase permanente
estádio festivaleiro de natureza folclórica.
Em Dezembro ocorrem as celebrações festivas do Natal que, com
todo o respeito pela crença religiosa, correspondem a característico e tradicional
folclore religioso. Sucedem-lhe as folias do Carnaval e logo a seguir as
festividades da Páscoa. Após o que chega a temporada dos deslumbrantes fogos de
artifícios florestais que encanta uma expedita casta de incendiários e que
suscita mui grande receptividade nas grelhas dos programas televisivos; e que,
este ano, teve a novidade de os incêndios florestais terem sido combatidos pelos
aviões, helicópteros e autotanques, auxiliados por centenas de bombeiros –
segundo informações dadas por distintos repórteres das televisões e de alguns
jornais…
Em simultâneo com a temporada do folclore dos fogos, decorrem
por todo o país festivais, feiras e cortejos medievais, sessões de fados e
guitarradas, cantilenas e danças saloias, que vão entretendo a malta em tempo
de calores muitos e de múltiplas realizações telecomandadas; as quais,
demasiado enfastiam os pacatos cidadãos refractários a tantos excessos
folclóricos.
Outrossim, de adequado registo, tem a ver com a circunstância
de este ano e já em pleno curso de desenvolvimento, haver manifestações de
folclore político, correlacionado com as eleições legislativas de Outubro
próximo. Ocasião inevitavelmente aproveitada para as exibições dos cultores da
arte/ciência de muito enganar e explorar os portugueses de segunda e terceira
categorias.
Escritas as anotações precedentes, importa assinalar a
incrível situação: os portugueses estão
permanentemente solicitados para assistirem a tais espectáculos populares e se
manterem absorvidos na cinzenta atmosfera folclórica que os envolve intensamente.
Para um observador desprevenido é intrigante que a maioria dos portugueses nem
se aperceba quanto isso é alienante e uma das causas da vil tristeza que os atinge,
lhes entorpece o espírito e constitui factor da vil e terrível amargura que os
aflige ao compasso do tempo – pois que distraídos e distantes se encontram da
penosa realidade; a qual, infelizmente partilham no dia-a-dia das suas incertas
vidas.
Acrescento: seria desejável e reconfortante que os portugueses
tivessem olho-vivo e compenetração de que:
COM PASSAS E BOLOS,
FADOS E CANÇONETAS,
FUTEBÓIS E
”POLÍTICOS”,
SE ENGANAM OS TOLOS!
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