OS
DISFARCES DA PARTIDOCRACIA
QUE
TEM DESGOVERNADO A NAÇÃO
Parte I
Introdução
Brasilino
Godinho
Em 25 de Abril de 1974 ocorreu a revolução que pôs
fim à ditadura do Estado Novo. Ao povo foi anunciado que se iniciava um novo
ciclo de vida da Nação. O regime que despontava seria a Democracia. O povo -
embriagado pelas latejantes ardências da liberdade de que se achava de-repente
possuído – ingénuo e apolítico (por maquiavélica determinação de Salazar que
proclamava não estar o povo preparado para viver em Democracia) acreditou na
promessa.
Muita gente se excedeu na anárquica aplicação da
liberdade. Pelo que se cometeram grandes abusos e se levaram à prática
manifestações de ódios incontidos que se traduziram em horríveis atentados
contra pessoas, de que resultaram as mortes de algumas.
Com a promulgação da Constituição da República
Portuguesa, em 1975, a anarquia insurrecional foi contida e parecia que o País
iria tomar rumo democrático.
Então surgiu um grupo de políticos de novas
gerações que, integrando os partidos recém-chegados ao quadro constitucional do
regime dito democrático, assumiram o múnus sociopolítico e o exercício da
governação.
Foi manifesto para os observadores atentos e melhor
capacitados como analistas da vivência comunitária, que a maioria desses
políticos, adrede arvorados a fazedores da política caseira, não estavam
minimamente habilitados para gerir a governação do País e dar provimento às
inadiáveis e mui abrangentes necessidades da Nação.
O que também demonstrou quão errada e prejudicial
foi a orientação salazarista de não ter providenciado a formação política, cívica
e educacional da juventude, segundo a máxima latina mens sana in corpore sano. Pois que só uma parte dos jovens
recebiam não a formação de cidadãos conscientes e responsáveis, mas sim a
formação dogmática de seita; esta, afecta ao regime de cariz fascista, no
âmbito da Mocidade Portuguesa. Ou seja: formatando homens de mentalidade
acéfala, dóceis, sem cultura de racionalidade e falhos de espírito crítico e de
exigência cívica – em conformidade com os interesses do Estado Novo e sua
exigente acomodação ao aproveitamento do estado de analfabetismo crónico da
população, nas suas três componentes: primária, funcional e cultural.
Um parêntesis para anotar a advertência formulada
pelo distinto pedagogo e professor da Universidade de Coimbra, Serras e Silva:
“Formar homens importa muito mais do que divertir o público com marchas
empertigadas em que se afecta um vigor que não existe e uma mentalidade que é
apenas exterior e coreográfica.” A advertência foi desprezada por Salazar e ministros
da Educação de sucessivos governos salazaristas.
A propósito, anote-se que, nessa perspectiva de
domínio psíquico e sociológico da grei portuguesa, sob a égide de Oliveira
Salazar foi tomada uma medida de bastante eficácia no sentido da criação e
prevalência de generalizado rebanho de carneiros submissos e amorfos (passe a
expressão): a erradicação da disciplina de Filosofia no ensino secundário e no
ensino universitário (Ciências e, parcialmente, nas Humanidades). Também, com a
mesma intenção: a desvalorização do Português e da Matemática, no ensino
secundário. Medidas precedendo a remoção do Latim do currículo do ensino
secundário que, igualmente, foi algo perniciosa na estruturação do conhecimento
das novas gerações.
Acresceu que o exercício dos elevados cargos
públicos estava confiado a gente afecta ao regime. Dele, totalmente arredados
os cidadãos do reviralho.
Isto escrito para acentuar a deficiente bagagem
intelectual, a nula prática democrática e a inexperiência dos jovens detentores
do Poder - admitido no consenso geral como sendo democrático.
Postos à prova os partidos e os políticos da
implantada Terceira República cedo se apercebeu as generalizadas limitações e
fragilidades funcionais dos grémios partidários, dos respectivos dirigentes e
de alguns membros de maior relevo mediático.
(Continua na Parte II)
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