BRASILINO GODINHO
253. Apontamento
10/Julho/2019
UMA COISA NUNCA VISTA
EM QUALQUER PARVÓNIA.
A DESCOMUNAL CAVACADA
DO EX-PRESIDENTE CAVACO
“É preciso nascer 253 mil vezes para ser mais sério do que Cavaco. Se não
sabiam, era porque não queriam saber.”
Nas menores épocas das vacas razoavelmente nutridas em Portugal, que
precederam os tempos das vacas magras e das vacas loucas, inúmeros portugueses
(que integravam o conjunto de indígenas designado povo) conheciam e usavam a
expressão: “quando a esmola é grande o pobre desconfia”.
Há anos, já na era cavaquista, de vacas mal alimentadas e esqueléticas, e
de avanços reluzentes das hostes que destemidamente haviam investido no pântano
putrefacto e mal cheiroso da corrupção nacional, houve gente que ficou
espantada quando ouviu a cavacal figura proclamar - algo crispada e com
ameaçadora catadura que até terá assustado as crianças dos jardins-de-infância
vizinhos do Palácio de Belém - que “é preciso nascer 253 mil vezes para ser
mais sério do que Cavaco. Se não sabiam, era porque não queriam saber.”
Claro que se os adultos não queriam saber da estapafúrdia cavaquice, se
ninguém se dispunha ao enfado e medonha trabalheira de nascer 253 mil vezes,
como é que as criancinhas a poderiam compreender e não se assustarem com a
agressividade do mal-encarado presidente Cavaco?
Não obstante, face a tão destrambelhada coisa que Cavaco não valorizava por
menos e a si se atribuía uma descomunal, superlativa, avaliação que, de todo,
ninguém em são juízo lhe reconhecia; certo é que se tornou evidente que a
precaução/desconfiança implícita no ditado popular houvera caído no desuso e
(ou) esquecimento dos portugueses.
Aliás, era elementar que se questionasse Cavaco sobre o apuro das 253 mil
vezes, acentuando a impressão de que, apesar de economista, o exagerado número
suscitava a ideia de ele ser incompetente matemático. Seria pertinente que se
lhe tivesse exigido demonstração do cálculo que usara e concluíra com tão
absurdo, assombroso e risível resultado.
Mas, por outro lado, toda esta patetice cavacal também veio pôr em destaque
o estado de analfabetismos funcional e cultural; um e outro, existentes em
Portugal. Um povo culto não engoliria a patranha estrambólica de Cavaco, lhe
resistiria vigorosamente denunciando a atitude insensata e, certamente, com
generosidade, o mandaria dar “uma volta ao bilhar grande”; benevolamente
admitindo que talvez ela lhe refrescasse as ideias e activasse os indolentes
miolos.
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