EM PORTUGAL NUNCA SE DISFARÇOU TANTO
A DISSOLUÇÃO DOS COSTUMES
Brasilino Godinho
É uma verdade. E que conecta com o facto de agora
também ser muito maior a devassidão; a qual, se expandiu por vários sectores da
sociedade - alguns deles que até se mantinham pouco atingidos por ela; tais como:
Igreja, Justiça, Forças Armadas.
Neste estado obsceno de coisas e loisas que afectam
com maior ou menor gravidade a vida do cidadão, e a harmonia da nação dos
indígenas, sobressai a adulteração da linguagem e o uso extensivo dos
eufemismos com que se pretende dourar a pílula daquilo a que ainda se agrega
algum resquício de pudor – que, afinal, é um falso pudor de quem não tem
qualquer vergonha em praticar actos indecorosos, pecaminosos, ilegais ou criminosos.
Explano exemplos:
Pela aparência sugerida pelo corrente não uso da
palavra na oralidade e nas publicações, dir-se-ia que em Portugal se vive numa
santa harmonia conjugal, considerada inscrita no conjunto das famílias
portuguesas; ou seja, dá a impressão que não há amantes: quer masculinos, quer
femininas. Foi um ar que lhes deu. Hoje o que por aí se encontra espalhado por
tudo quanto é sítio habitado, são namorados e companheiros dos dois géneros.
Os paneleiros foram substituídos por gays. As putas
são simplesmente mulheres da vida.
O verbo foder transfigurou-se em fazer sexo.
Ainda esta semana a revista GENTE, em título de
capa, disso deu demonstração elucidativa, ao informar o respeitável público de
que a artista Catarina Furtado, num alarde de falta de respeito por si mesma e por
sua prole, tinha informado no decorrer de entrevista a um canal de Televisão
que já tinha sido apanhada pela polícia a fazer sexo – o que afirmou risonha,
de modo feliz e contente, aparentando sentir-se uma heroína, quiçá esperando uma
condecoração do Presidente da República pela inolvidável façanha.
Se o leitor quer saber a minha opinião eu digo que
pela ordem natural da coisa (declaração de Catarina Furtado e para ela e o
público melhor se reverem no deslumbramento) deveria ter dito: Já fui apanhada
pela polícia a foder.
Teria ficado mais a condizer a letra com a
careta.
Julgo não haver necessidade de ir mais longe na
exposição, tendo em vista bem ajuizar da patetice, da hipocrisia, do desvario e
da desvergonha, existentes em Portugal.
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