BRASILINO GODINHO
249. Apontamento
04/Julho/2019
FENÓMENO EM PORTUGAL
UM CANAL DE TELEVISÃO
TEM FALA E CONSCIÊNCIA
Brasilino Godinho
Perante o estranho fenómeno que
cito neste breve apontamento, devo proceder a urgente reciclagem cultural e a uma
correlativa actualização de conhecimentos linguísticos, semânticos e de
natureza fenomenal…
Informação jornalística, ontem
lida em sítios da Internet, facultou-me a informação de que a fala e a
consciência já nem são exclusivos atributos de humanas criaturas. Até com
dispensa da intervenção ou desempenho da inteligência artificial.
Em Portugal, a partir de agora, o
dom da fala e a consciência (sentimento de si mesmo) são dons intrínsecos de um
canal de televisão. A TVI fala e tem consciência!
Coisa extraordinária! Deveras
impressiva! Retumbante à escala mundial!
E como se isso fosse pouco,
ainda-por-cima - e num sublimado estado de aprimoramento moral, extremamente
relevante – tem consciência tranquila.
Ouso vaticinar que tão feliz e
surpreendente benesse milagreira vai suscitar grandes invejas no meio
televisivo. O Canal TVI que se precate. E ponha as barbas de molho – visto que
é de admitir que, na onda das metamorfoses em si operadas, também lhe tenha
nascido a barba.
Exprimindo-me com toda a franqueza
devo assinalar que estranho o fenómeno e a sua dualidade. Fico perplexo
relativamente à forma como, na sua génese, ele se terá operado.
No entanto e no convencimento de
que, mesmo sem contar com a bênção do Venerável Cardeal Patriarca de Lisboa, o
fenómeno/milagre lhe trará bom proveito material, projecção nacional e
substancial aumento de audiências; que se creditará a bem da nação dos
contribuintes e dos deserdados da sorte, e - sobremaneira - será exaltado no
estrangeiro; apresso-me a felicitar vivamente a TVI.
Transcrevo a notícia que me
deixou deslumbrado:
“TVI diz que IURD já lhe colocou mais de uma dezena
de processos, mas Canal está de “consciência tranquila”.
P. S. Ainda uma dúvida me cabe a mim colocar: Onde
terão sido colocados os dez processos? Nos estúdios? Nas arrecadações ou
garagens? Na mercearia da vizinhança? No Tribunal da Má-Hora, algures no Campo
Alegre, de distante cidade beiroa? Na loja do barbeiro da esquina da Praça da
Tristeza, de alguma vila dos arredores de Lisboa? Sabe-se lá onde estão os
processos? Ou qual é a natureza de cada um deles. Todas as suposições são
plausíveis.
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