BRASILINO GODINHO
212. APONTAMENTO
15 de Abril de
2019
PORTUGAL NÃO
PERDEU A LIBERDADE
NEM ESTATUTO DE ESTADO
DE DIREITO
LEITOR: PARE!
LEIA! MEDITE!
Pois
é verdade! Portugal não está mais empobrecido pela subentendida gravidade das hipotéticas
perdas enunciadas no precedente título e que não se verificaram.
Assentemos
num dado: Portugal não perdeu a Liberdade, nem o estatuto de Estado de Direito.
Por uma razão elementar: nunca se perde aquilo que não se possui.
Sem
margem para dúvidas a Liberdade e o Estado de Direito jamais existiram em
Portugal.
Ser
este o apurado balanço da evolução do Estado Portugal e da Nação portuguesa,
leva-nos a admitir a lógica de todo um percurso histórico que nos conduziu ao
abismo onde se situa a paupérrima situação actual da sociedade portuguesa. Ou
seja: situação decorrente de séculos de decadência; que tem sido agravada pelas
políticas erradas dos últimos decénios prosseguidas por sucessivos governos que
muito mal geriram a Administração Pública.
Sucintamente
fazendo a cronologia do percurso desastroso da nação diremos que desde o tempo
de D. Afonso Henriques e por toda a idade média até 1453, houve a monarquia alicerçada
no poder absoluto dos monarcas e dos senhores feudais; depois a era dos
Descobrimentos iniciada com a conquista de Ceuta em 1415; a que seguiu o
período subsequente à Constituição de 1822, às guerras civis liberais e às lutas
entre facções partidárias que se revezaram no Poder até à proclamação da Primeira
República; a qual se caracterizou pela anarquia que nela prevaleceu; após que,
a partir de 28 de Maio de 1926, se sucederem as ditaduras militar, de Salazar e
do Estado Novo, que deram formato de Segunda República e já no nosso tempo,
iniciada a 25 de Abril de 1974, a Terceira República.
Nunca
em Portugal se institucionalizou um verdadeiro Estado guiado pelo Direito, pela
Liberdade e, Pós-Modernidade, pela Democracia.
Durante
a Idade Moderna vigorou o sistema do poder absoluto dos reis e dos senhores
feudais sobre as terras e os súbditos, todos quantos habitavam os respectivos
territórios.
Os
descobrimentos se constituíram um quadro de grandeza e apogeu de Portugal
concitaram no século XVI o começo da decadência de Portugal, desde logo, nesse
século, denunciada pelo poeta Sá de Miranda.
A
decadência foi-se acentuando nos séculos seguintes, tendo sido vigorosamente
denunciada no século XIX por Almeida Garrett, Antero de Quental, Alexandre
Herculano, Andrade Corvo, Guerra Junqueiro e outros membros do grupo Vencidos
da Vida.
Importa
anotar que na idade média não havia conhecimento e prática dos conceitos de
Nação, de Direito, de Liberdade, de Democracia, que foram gerados, prosseguidos
e desenvolvidos a partir da Revolução Francesa de 1789 – data que marca o
início da Era Pós-Moderna.
Na
idade Moderna a existência das Cortes servia ao Rei, Clero e Nobreza de
arbitrário instrumento coercivo sobre o Povo.
A
própria estruturação de Portugal como Estado e Nação, e aquilo que se pode
designar como Identidade Nacional, só se concretizaram - após a Revolução
Liberal de 1820, inspirada na Revolução Francesa de 1789-1799 - em 1822, com a
aprovação da Constituição que consagrou a Monarquia Constitucional. Lei
orgânica político/administrativa que estabelecia direitos e deveres dos
cidadãos em termos liberais muito avançados para a época. Mas cuja aplicação
foi reduzida à expressão de letra-morta.
Na
Primeira República (1910-1926) a liberdade transfigurou-se em anarquia. E o
Estado de Direito não existiu tal era a desorganização administrativa e o caos
político. Na Segunda República (nacionalista, salazarista e designada Estado
Novo) formalizada em ditadura, não houve liberdade, nem Estado de Direito. A
Magistratura Judicial era submissa ao Governo. Havia censura
institucionalizada. E a opressão fazia-se sentir em todos os sectores da
sociedade.
Em
25 de Abril de 1974, ocorreu a Revolução dos Cravos e o Povo festejou e
acreditou num futuro promissor para a grei. O que se seguiu até hoje deu azo à
demonstração de que foi uma revolução traída no seu programa de engrandecimento
da nação e uma tremenda desilusão para a maioria da população portuguesa.
Vive-se
em Portugal sob o disfarce de Estado de Direito, com repúdio ou ignorando as
normas constantes na Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada em
1948 e abjurando os valores da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade, da
Justiça, da Moral, da Ética, da POLÍTICA (com maiúscula), da República, da
Pátria e até de Portugal como país digno, respeitado, independente e soberano.
Para
terminar transcrevo do meu livro A QUINTA LUSITANA, o seguinte trecho:
“Neste país (Portugal),
de gente amordaçada pelo sistema hermético da partidocracia, de cidadãos
confundidos pelos fingimentos dos “políticos” e de pessoas molestadas pela
inaptidão ou má-fé de governantes irresponsáveis, tem faltado o tempo, não
houve espaço, não existiu o bom ambiente, nem surgiram as pessoas capazes, para
se afirmarem os valores dos princípios, as mais-valias das competências, as
riquezas dos saberes e as extremas autoridades advindas das experiências
acumuladas.”
Brasilino
Godinho´´
(In
A QUINTA LUSITANA, p.76)
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