BRASILINO GODINHO
211. APONTAMENTO
13 de Abril de
2019
O INVULGAR E
GRANDE TABU PROFISSIONAL
DA
VIDA PROFISSIONAL
DE BRASILINO GODINHO
(Continuação
do 210. Apontamento)
Este 211. Apontamento tem como referência temática o
tratamento de engenheiro que foi dado a Brasilino Godinho, durante dezenas de
anos.
Cinge-se à transcrição do poema SE, inserido na obra
UM DIA DESCI À CIDADE…,da autoria de Brasilino Godinho.
PARAFRASEANDO RUDYARD KIPLING
SE
Se,
oportunista e aproveitador de remota tradição, por
transposição
no tempo e na usurpação da história e
do
uso em voga nos séculos passados do título de
engenheiro
concedido a quem “traçava ou dirigia
trabalhos
de construção”, eu aceito essa qualificação
sem
pestanejar.
Se
pretensioso, por uma super e despudorada
valorização
dos atributos pessoais me disponho a
seguir
na esteira de Le Corbusier, um dos melhores
arquitectos
e urbanistas deste século, não obstante
nunca
ter frequentado uma escola superior de Belas
Artes,
condescendo que me designem por engenheiro
e
nessa complacência se refugia o pecadilho da
vaidade
e se dilue um certo diletantismo.
Se,
negligente, facilmente influenciável me deixo
sugestionar
e convencer de que “uma mentira à força
de
ser repetida acaba por ser considerada como
verdade”
ou que o título me “assenta como uma luva”,
dada
a persistência de “todo o mundo” em atribuir-me
a
qualidade de engenheiro que não renego e, desta
forma
trajado e agasalhado mais apto estou para os
desempenhos
nos vários e frios cenários do teatro da
vida
e com maiores probabilidades de não sofrer
pateadas
do “respeitável público”.
Se,
pai babado, autoconvencido e pouco escrupuloso
aceito
ser engenheiro por afinidade familiar visto ter
filhos
engenheiros e nessa aceitação me contemplo
com
aprazimento.
Se,
“distraído”, aceito ser engenheiro por analogia e
Influência,
devido a ter lidado durante bastantes anos
com
distintos profissionais de engenharia que se
notabilizaram
nas actividades privadas ou que
ascenderam
aos mais elevados postos da hierarquia
da
Administração Pública e por deles ter recolhido
saberes
e experiências, tudo isso me enriqueceu
culturalmente,
me satisfaz o ego e me reconforta a
alma,
por que porto de abrigo de tal sorte.
Se,
finalmente, todos esses factores, todas essas
disposições
de vontade e tantos desses ânimos de
poder
e ambição se conjugam num dado momento
na
minha pessoa, então posso proclamar “urbi et
orbi”:
eu sou engenheio!...
TODAVIA…
Ser
que nunca se enfarpelou com vestes das
Engenharias…
Século
vivemos no tempo actual, que não tempos dos
séculos
passados…
Veredas
de ilusões nunca percorridas…
Memórias
inexistentes de autodidácticas, de analogias
e
de afinidades que em tempo algum, em Portugal,
tenham
dado direito a qualificações que hoje são cada
vez
mais privilégios universitários…
Desejos
nunca aflorados de contribuir para os
aumentos
desordenados das soberbas circulações
académicas…
SER
UNO, SOU!
MEU
CORPO CALEJADO
AO
CORRER DO TEMPO;
MEU
ESPÍRITO FORMADO
NA
UNIVERSIDADE DA VIDA;
UM
E OUTRO, EM SINTONIA,
DETERMINAM
UM FAVOR…
QUE
AOS CONCIDADÃOS
E
A TODO O MUNDO PEÇO:
-
APAGUEM A PALAVRA “ENGENHEIRO”
ANTEPOSTA
AO MEU NOME.
Deixo
o antecipado obrigado.
Apresento
os melhores cumprimentos.
Brasilino
Godinho
Assim
expressa, em poema publicado, a relutância sentida por Brasilino Godinho,
sempre que era tratado por engenheiro.
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