EXÉRCITO DE PORTUGAL
UM LUXO E DESPERDÍCIO
Brasilino Godinho
01. Hoje, domingo, 04 de Novembro
de 2018, vai haver uma grande parada militar em Lisboa, anunciada como forma de
celebrar a data da entrada do exército português na Primeira Grande Guerra e
homenagear os combatentes desse conflito dos anos 10, do século XX.
Por associação de ideias veio-me
a recordação das grandes paradas militares dos tempos de Hitler, em Berlim na
Alemanha; de Estaline, em Moscovo, na URSS; e de Franco, em Madrid, na Espanha.
Julgaria eu que a entrada de um
país num conflito bélico não daria pretexto ou válido motivo para celebrações
mais ou menos aparatosas.
Deduzindo pelo que agora foi
anunciado e neste dia será visto e alardeado pelas entidades oficiais, pelas
televisões, festivamente exibido e insistentemente comentado, estava muito enganado.
02. Tal festivaleiro
acontecimento militar, proporciona-me pertinente reflexão sobre o papel e
consistência institucional das Forças Armadas de Portugal.
Consta - para indígenas
portugueses tomarem nota e darem fácil aceitação - que as Forças Armadas
constituem instrumentos necessários e imprescindíveis da Defesa Nacional.
E logo aqui, cabe lugar à fixação
de um equívoco centrado no conceito da Defesa Nacional. Para anular o equívoco
importaria que os portugueses tivessem clara noção do conceito. Ou seja: que se
apurasse o que a Defesa Nacional define em termos de caracterização, de
representação, de abrangente funcionalidade e de objectiva operacionalidade a
cargo das Forças Armadas.
03. Não vou, neste curto espaço,
teorizar sobre a aludida Defesa Nacional. No entanto devo formular breves
considerações sobre aquilo que se passa de mais gravoso no âmbito do Exército
que é da maior importância e gravame para a Nação. E aqui me expressando por
imperativos patriótico e cívico.
Desde logo, importa ter
consciência de que Portugal é um país
insolvente que passa os anos a contrair sucessivos empréstimos para pagar
prestações da enorme dívida nacional e os respectivos, avultados, juros; e
poder manter em funcionamento a Administração Pública e satisfazer necessidades
básicas da Economia e diversificados encargos financeiros do Estado português.
04. Escrito o que antecede, anoto
que Portugal, sendo um país à beira da bancarrota, tem de adoptar padrões de
vida compatíveis com essa desonrosa situação existente no quadro dos Estados
europeus.
Dada a pobreza franciscana da
nação portuguesa e as deploráveis situações de pelintrice do Estado e de
miséria da maioria da sua população, amplamente conhecidas na Europa e no
Mundo, Portugal não deve, nem pode, proceder a nível internacional como se fora
um país rico e a dar-se incríveis ares de ricaço e a exibir-se na Europa e no
Mundo como se fora grande potência económica/financeira.
Basta de tanto exibicionismo
bacoco e penalizador da maior parte da sociedade portuguesa.
05. E ao assim escrever, tenho
presente a gravíssima, disparatada e muito onerosa existência de um exército
que, afinal, subsiste não para ser instrumento de defesa nacional, mas, sim,
para exclusivamente participar em acções armadas em diversos países,
principalmente, do terceiro mundo.
Tais missões devem ser atribuídas
a potências que tenham capacidade financeira para as custear.
É inconcebível que Portugal participe
nessas acções. Pior, que se ofereça para as integrar. Dando a ideia que está
viciado nessas actividades de natureza belicista.
06. Sendo este o quadro das
circunstâncias de cunho português e o detalhe de, nestes tempos de nova
modernidade, não se vislumbrar hipótese de Portugal ser invadido pela poderosa
Espanha, é do maior e inadiável interesse colectivo acabar com o exército que é
um enorme e inconcebível sorvedouro dos fracos recursos nacionais.
Portugal não deve manter um exército
só para os altos dirigentes do Estado se contemplarem nos seus feitos bélicos em
diversos lugares da Terra.
07. Reitero o que tenho opinado sobre
a existência de Forças Armadas: Portugal, segundo uma visão racional e
objectiva só precisa da GNR, a nível territorial, da Marinha (com Corpo de
Fuzileiros Navais e da Força Aérea (com Corpo de pára-quedistas), às quais
caberiam as missões de vigilância e defesa da orla costeira e da sua vasta
superfície marítima.
08. As despesas com o Exército
atingem altíssimas verbas incomportáveis para o Erário. Só com vencimentos e
reformas das centenas de generais no activo, na reserva e na aposentação, o Estado
sofre nas Finanças, anualmente, um pesadíssimo rombo de muitos milhões de
euros.
09. Sublinho que o Governo alega
que não tem verbas para melhor pagar vencimentos a professores, médicos, enfermeiros,
funcionários públicos, e reformas dos aposentados da Função Pública e para
custear o Ensino, a Saúde, as Obras Públicas, os transportes ferroviários e colectivos,
as infra-estruturas básicas de ferrovia e de vias rodoviárias e os encargos da
Dívida; mas tem dinheiro para manter um exército que é um luxo obsceno num país
paupérrimo e muito endividado. Um desperdício de capitais que, necessariamente,
deveriam ser melhor e racionalmente aplicados nos sectores da sociedade que deles
bastante carecem.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal