Leitor,
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Leia!
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, junho 22, 2018



O ACTUAL ROSSIO DE AVEIRO PERDEU A VALIDADE?            
QUAL A RAZÃO?
Brasilino Godinho

Estaria inclinado a dizer que a questão de um renovado Rossio de Aveiro, inoportunamente surgida este ano, me deixou estupefacto.
Seria uma meia-verdade. Não verdade inteira pela razão de que em Portugal já nada me surpreende. Arrisco dizê-lo. Embora com reserva de não impressão infalível.
Boquiaberto, desde logo, pelo facto de ninguém contestar vigorosamente a necessidade da renovação total do parque a ponto de o transfigurar completamente.
Lembro-me que a última renovação do Rossio – que está expressa no actual ordenamento urbano e na formulação paisagística – foi obra planeada e executada logo nos primeiros anos dos mandatos do Dr. Girão Pereira.
Contrariamente ao que se tem verificado ultimamente na discussão sobre o Rossio, a iniciativa de Girão Pereira, foi acatada sem oposição política e malquerença da população, visto que toda a gente reconhecia que algo havia que fazer e melhorar substancialmente.
Agora, deparar-se a obsessão por grandes obras de transfiguração do Rossio julgo ser mais um indício do modismo que se instalou na sociedade portuguesa: de se fazerem grandes obras, com elevados custos para os contribuintes; os quais, vêm os seus dinheiros desbaratados e muito mal utilizados.
Geralmente, pergunta-se: Porquê estas obras e os seus elevados encargos financeiros? Porquê não se toma em consideração que o Estado e as autarquias estão muitíssimo endividados? Porquê esbanjar dinheiros públicos em obras avantajadas (por vezes, supérfluas) quando faltam verbas para cobrirem necessidades básicas na Administração Pública, na Saúde, no Ensino, na Segurança Social, nas Forças Armadas e da Segurança Pública, nas Obras Públicas, na defesa e protecção das florestas? Como ignorar a grave crise financeira do Estado e os tempos difíceis que se aproximam? O que impõe prudência nos gastos públicos.
A resposta dos governantes descuidados ou distraídos vem traduzida em poucas palavras: Porquê? Porque sim! E a condizer em primarismo vocabular, rematam: Prontos!
Claro que se conhece a tendência de muitos autarcas em marcar os seus mandatos com obras sumptuosas de arregalar o olho. E pensam (já ouvi dizê-lo): “Quem vier a seguir que feche a porta”. (Estar habilitado a fazer esta citação é uma vantagem de quem tem 86 anos de fado existencial mui preenchido de experiências múltiplas).
E por referir obras de excessiva grandeza ou de elevada despesa e o gigantismo disfuncional das mesmas, é espantoso que no meio citadino ninguém fale na monstruosa aberração urbanística que é aquela estrutura de ferro que aparenta ser travessia de peões sobre a avenida de acesso ao hospital. Aquilo é um execrável aborto que envergonha a cidade, desvaloriza os técnicos de planeamento urbano e evidencia a que extremo ponto de irresponsabilidade chegaram os governantes que tão mal terão gerido as finanças de uma autarquia enfrentando uma agonia financeira.
Volvendo à questão do Rossio, pergunto: Não será uma falsa questão? Desperta sem racional objectividade. Não haverá outras prioridades a contemplar no imediato? Será que em Aveiro as obras têm prazos de validade? Como o Rossio que foi renovado pelo Dr. Girão Pereira e que nos querem fazer crer que atingiu o termo da sua eficaz utilização. Validade que conta uma existência de aproximadamente 40 anos.
Decerto que, face ao esbanjamento de dinheiros públicos ora programado, haverá conveniência de a autoridade municipal de Aveiro informar os munícipes de que, a partir de agora, as grandes e dispendiosas obras da autarquia passarão a ter a utilização restringida a 40 anos.
Uma última observação: Como é possível admitir-se, com uma ligeireza impressionante, um parque subterrâneo naquele local, junto à ria, em subsolo lagunar, de nível aquífero quase superficial, que acarretaria enormes custos de construção em que sobressaem as fundações e as impermeabilizações? Há noção do volume de tais encargos financeiros?
Se há coisa inadmissível naquele Rossio é precisamente um parque de estacionamento subterrâneo e por ele atrair os inconvenientes fluxos de trânsito.
O enorme gasto de construção do parque subterrâneo de 3 pisos (se bem me recordo) da Praça Marquês de Pombal, que nem as moscas a ele afluem, não é exemplo suficiente para se pôr liminarmente de parte a incrível ideia?
Uma prevenção há que fazer: mesmo que, por absurdo, haja parecer técnico favorável a semelhante solução deve considerar-se que, muitas vezes, os tais controversos pareceres são feitos com o propósito dos seus autores auferirem as altas percentagens de honorários dos respectivos projectos, cobrados em função das grandes estimativas orçamentais; e que em Portugal são, por via de regra, largamente ultrapassadas no final das obras, a que corresponde a actualização dos honorários dos projectos.  
Uma coisa me inquieta e, sobremodo, me surpreende: Na Câmara Municipal de Aveiro, não há ninguém que se aperceba da gravidade da chamada questão do Rossio? E que, de imediato, ponha cobro às despesas com o famigerado projecto?
Oxalá, que o bom senso e o sentido de bem servir a comunidade prevaleçam, contra tudo e contra todos que se obstinem em se determinarem pelos seus preestabelecidos equívocos e deslumbramentos funcionais.