Juncker
sobre a troika:
"Pecámos
contra a dignidade" de Portugal e Grécia
18 Fevereiro 2015, 20:02 por André Cabrita-Mendes | andremendes@negocios.pt
Com a devida vénia transcrevemos do jornal Negócios:
O líder da Comissão Europeia defende que a
"troika é pouco democrática, falta-lhe legitimidade" e deve sofrer
alterações. Agora, é preciso saber retirar "as lições da história e não
repetir os mesmos erros". Também houve críticas à Comissão de Durão
Barroso.
A troika
cometeu erros durante a sua actuação nos resgates internacionais na Zona Euro.
O "mea culpa" foi feito hoje pelo presidente da Comissão Europeia,
que era o líder do Eurogrupo à altura dos pedidos de resgate, que admitiu que é
preciso rever o actual modelo da troika.
"Pecámos
contra a dignidade dos povos, especialmente na Grécia e em Portugal e muitas
vezes na Irlanda", reconheceu Jean-Claude Juncker esta quarta-feira, 18 de
Fevereiro.
"Eu era
presidente do Eurogrupo, e pareço estúpido em dizer isto, mas há que retirar as
lições da história e não repetir os mesmos erros", admitiu, em declarações
citadas pela Europa Press.
Jean-Claude
Juncker defendeu que, a seu tempo, é preciso rever o modelo da troika.
"A
troika é pouco democrática, falta-lhe legitimidade e devemos revê-la quando
chegar o momento", declarou em Bruxelas no Comité Económico e Social
Europeu. Apesar de pretender alterar este modelo, considera que o BCE e a
Comissão Europeia devem manter-se na sua estrutura.
Deixou
também críticas à anterior Comissão Europeia liderada por Durão Barroso, em que
"não se falava em absoluto" da Grécia porque "confiavam
cegamente na troika".
Apesar das
críticas à troika, Juncker deixou bem claro que as suas declarações "nada
devem à necessidade de consolidar no curto, médio e longo prazo as nossas
finanças públicas, porque não podemos viver às custas das futuras
gerações" nem à "necessidade de empreender reformas estruturais que
aumentem o potencial de crescimento da Europa".
Sobre a
Grécia não fez comentários, excepto para dizer que o actual impasse nas
negociações foi discutido "durante horas" no colégio de comissários.
As
declarações de Juncker surgem num momento em que Atenas anunciou que rejeita
conversações com a troika para negociar exclusivamente com os parceiros
europeus.
Troika deve
ter uma estrutura mais democrática
Esta não é a
primeira vez que Jean-Claude Juncker defende a necessidade de mudar o modelo da
troika. Recentemente, o presidente da Comissão declarou que "no futuro,
devemos ser capazes de mudar a troika por uma estrutura mais legitimamente
democrática e mais responsável com um reforço do controlo parlamentar tanto a
nível europeu como nacional".
Juncker
revelou esta quarta-feira que teve muitas discussões com líderes europeus que
lidavam directamente com os altos funcionários da troika sobre questões de
legitimidade.
"Não
critico os altos funcionários, mas não se coloca um alto funcionário perante um
primeiro-ministro ou um ministro das Finanças de um país, não é esse o seu
nível. Há que colocar um comissário ou um ministro que tenha a autoridade do
Eurogrupo", sublinhou.
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