POR FAVOR! À PÁTRIA E À SUA GENTE.
RETENHAM AS TRÊS AFIRMAÇÕES
DE PHILIPPE LEGRIN:
- PORTUGAL ESTÁ EM PIOR ESTADO
DO QUE ESTAVA NO INÍCIO DO PROGRAMA
DA TROIKA.
- A COMISSÃO EUROPEIA ESTÁ DESLIGADA
DA REALIDADE.
- TROIKA DESEMPENHOU UM PAPEL COLONIAL EM
PORTUGAL.
Um registo de Brasilino Godinho
Resgate de Portugal foi para
salvar banca alemã, diz conselheiro de Durão Barroso
O economista britânico Philippe Legrain diz, numa
entrevista ao Público, que o sector bancário dominou os governos dos países e
as instituições da zona euro e, por isso, quando eclodiu a crise, só se
preocuparam em salvar os bancos. O conselheiro económico de Durão Barroso entre
2011 e fevereiro deste ano defende a reestruturação dos bancos e o perdão da
dívida portuguesa. E considera “uma anedota” a atuação dos representantes da
Comissão Europeia na crise.
11 de Maio, 2014 - 12:29h
Philippe Legrain: ex-conselheiro diz que Comissão
Europeia está desligada da realidade. Foto de Financial Times photos, creative
commons
Philippe Legrain acaba de publicar o livro “European
Spring: Why our Economies and Politics are in a mess” (Primavera europeia: Por
que as nossas economias e políticas estão um caos). Na
entrevista, afirma que
os governos europeus “puseram os interesses dos bancos à frente dos interesses
dos cidadãos”, e que “há uma relação quase corrupta entre bancos e políticos”.
O principal
problema era a dívida privada
No caso de
Portugal, afirma, “o principal problema era a dívida privada. Antes da crise, a
dívida pública era sensivelmente a mesma que na Alemanha – 67/68% do PIB – mas
o grande problema que não foi de todo resolvido era a dívida privada que estava
acima de 200% do PIB”.
Para o
economista, este é que era o problema real, “mas que os portugueses não
enfrentaram, a UE e o FMI não ligaram, só se concentraram na redução da dívida
pública. Por isso, como não resolveram os problemas reais do sector bancário,
não resolveram o problema da dívida privada, só se concentraram na consequência,
que foi o aumento da dívida pública”.
Há quem
pense que o que eu digo é uma loucura, alegando que os mercados estão a
emprestar a Portugal a taxas muito baixas e que por isso a crise acabou, blá
blá, blá, mas isso simplesmente não é verdade
O resultado
desta decisão, na sua opinião, foi uma “profunda, longa e desnecessária
recessão económica”. E a crise está longe de estar resolvida.
“Há quem
pense que o que eu digo é uma loucura, alegando que os mercados estão a
emprestar a Portugal a taxas muito baixas e que por isso a crise acabou, blá
blá, blá, mas isso simplesmente não é verdade. Isso também aconteceu nos anos
da bolha [financeira], antes de 2007, em que os mercados também emprestavam de
forma incrivelmente fácil, o que não significava que não havia problemas. Neste
momento tem havido entrada de liquidez, que está a tapar os problemas
subjacentes, mas essa liquidez pode inverter-se se o BCE, como penso que vai
acontecer, nos desiludir da ideia de que poderá haver um Quantitative Easing
(injecção de liquidez)”.
Troika
desempenhou um papel colonial em Portugal
Para
Philippe Legrain, “o que começou por ser uma crise bancária que deveria ter
unido a Europa nos esforços para limitar os bancos, acabou por se transformar
numa crise da dívida que dividiu a Europa entre países credores e países
devedores”. Nessa crise, aponta, as instituições europeias funcionaram como
instrumentos para os credores imporem a sua vontade aos devedores.
“Podemos
vê-lo claramente em Portugal: a troika (de credores da zona euro e FMI) que
desempenhou um papel quase colonial, imperial, e sem qualquer controlo
democrático, não agiu no interesse europeu mas, de facto, no interesse dos
credores de Portugal. E pior que tudo, impondo as políticas erradas”.
Esta
instituição (a Comissão Europeia) é uma redoma completamente desligada da
realidade.
O economista
considera que o essencial da responsabilidade da parte orçamental dos programas
foi da Comissão Europeia, que fez projeções completamente falsas. “Dá vontade
de rir quando se comparam as projeções de 2011 com os resultados de 2013, é uma
anedota. Isto resultou em parte da incompetência das pessoas responsáveis, mas
há outro problema que é o da responsabilidade democrática. Olli Rehn e os seus
altos funcionários decretam que o desemprego vai ser 12% mas se afinal é 20%,
dizem 'ah, ok, temos de mudar aqui este número na folha de cálculo'. Ou seja,
não estão a lidar com a realidade. Esta instituição é uma redoma completamente
desligada da realidade”.
Portugal
está em pior estado do que estava no início do programa
O
ex-conselheiro de Durão Barroso é particularmente crítico dos resultados do
programa português: “Basta olhar para as previsões iniciais para a dívida
pública e ver a situação da dívida agora para se perceber que não é, de modo algum,
um programa bem sucedido. Portugal está mais endividado que antes por causa do
programa, e a dívida privada não caiu. Portugal está mesmo em pior estado do
que estava no início do programa”.
O economista
defende para Portugal “uma reestruturação dos bancos, um perdão de dívida tanto
pública como privada, é preciso investimento do Banco Europeu de
Investimentos"
É destrutivo
uma Alemanha quase-hegemónica
A orientação
política seguida, afirma, veio da Alemanha. “E a Alemanha aconselhou mal, em
parte por causa da forma particular como os alemães olham para a economia, por
causa da ideologia conservadora, e porque agiu no seu próprio interesse egoísta
de credor em vez de no interesse europeu alargado. A UE sempre funcionou com a
Alemanha integrada nas instituições europeias, mas aqui, a Alemanha tentou
redesenhar a Europa no seu próprio interesse. É por isso que temos uma Alemanha
quase-hegemónica, o que é muito destrutivo”.
O economista
defende para Portugal “uma reestruturação dos bancos, um perdão de dívida tanto
pública como privada, é preciso investimento do Banco Europeu de Investimentos
(BEI), dos fundos estruturais da UE e através dos ganhos de um perdão de dívida
que reduza os pagamentos dos juros”.
Não é
verdade que os salários precisavam de ser reduzidos
Para
Philippe Legrain, “não é verdade que os aumentos salariais no sul da Europa
foram excessivos nos anos pré-crise. Em termos de peso no PIB, os salários até
caíram. Por isso não é verdade que esta foi a causa da crise, não é verdade que
os salários precisavam de ser reduzidos. Só que esmagar salários provoca o
colapso do consumo, agrava a recessão e agrava o peso da dívida, porque se os
salários baixam, é mais difícil pagá-la. Tudo isto é baseado no erro de
conceção alemão de que os custos salariais são uma coisa má e têm de ser
reduzidos, quando, de facto, deveriam ser tão altos quanto possível, desde que
justificados pela produtividade”.
(Este texto foi recebido através da Internet e procedência
de Esquerda-net).
Philippe Legrain: ex-conselheiro diz que Comissão
Europeia está desligada da realidade. Foto de Financial Times photos, creative
commons
Philippe Legrain acaba de publicar o livro “European
Spring: Why our Economies and Politics are in a mess” (Primavera europeia: Por
que as nossas economias e políticas estão um caos). Na
entrevista, afirma que
os governos europeus “puseram os interesses dos bancos à frente dos interesses
dos cidadãos”, e que “há uma relação quase corrupta entre bancos e políticos”.
O principal
problema era a dívida privada
No caso de
Portugal, afirma, “o principal problema era a dívida privada. Antes da crise, a
dívida pública era sensivelmente a mesma que na Alemanha – 67/68% do PIB – mas
o grande problema que não foi de todo resolvido era a dívida privada que estava
acima de 200% do PIB”.
Para o
economista, este é que era o problema real, “mas que os portugueses não
enfrentaram, a UE e o FMI não ligaram, só se concentraram na redução da dívida
pública. Por isso, como não resolveram os problemas reais do sector bancário,
não resolveram o problema da dívida privada, só se concentraram na consequência,
que foi o aumento da dívida pública”.
Há quem
pense que o que eu digo é uma loucura, alegando que os mercados estão a
emprestar a Portugal a taxas muito baixas e que por isso a crise acabou, blá
blá, blá, mas isso simplesmente não é verdade
O resultado
desta decisão, na sua opinião, foi uma “profunda, longa e desnecessária
recessão económica”. E a crise está longe de estar resolvida.
“Há quem
pense que o que eu digo é uma loucura, alegando que os mercados estão a
emprestar a Portugal a taxas muito baixas e que por isso a crise acabou, blá
blá, blá, mas isso simplesmente não é verdade. Isso também aconteceu nos anos
da bolha [financeira], antes de 2007, em que os mercados também emprestavam de
forma incrivelmente fácil, o que não significava que não havia problemas. Neste
momento tem havido entrada de liquidez, que está a tapar os problemas
subjacentes, mas essa liquidez pode inverter-se se o BCE, como penso que vai
acontecer, nos desiludir da ideia de que poderá haver um Quantitative Easing
(injecção de liquidez)”.
Troika
desempenhou um papel colonial em Portugal
Para
Philippe Legrain, “o que começou por ser uma crise bancária que deveria ter
unido a Europa nos esforços para limitar os bancos, acabou por se transformar
numa crise da dívida que dividiu a Europa entre países credores e países
devedores”. Nessa crise, aponta, as instituições europeias funcionaram como
instrumentos para os credores imporem a sua vontade aos devedores.
“Podemos
vê-lo claramente em Portugal: a troika (de credores da zona euro e FMI) que
desempenhou um papel quase colonial, imperial, e sem qualquer controlo
democrático, não agiu no interesse europeu mas, de facto, no interesse dos
credores de Portugal. E pior que tudo, impondo as políticas erradas”.
Esta
instituição (a Comissão Europeia) é uma redoma completamente desligada da
realidade.
O economista
considera que o essencial da responsabilidade da parte orçamental dos programas
foi da Comissão Europeia, que fez projeções completamente falsas. “Dá vontade
de rir quando se comparam as projeções de 2011 com os resultados de 2013, é uma
anedota. Isto resultou em parte da incompetência das pessoas responsáveis, mas
há outro problema que é o da responsabilidade democrática. Olli Rehn e os seus
altos funcionários decretam que o desemprego vai ser 12% mas se afinal é 20%,
dizem 'ah, ok, temos de mudar aqui este número na folha de cálculo'. Ou seja,
não estão a lidar com a realidade. Esta instituição é uma redoma completamente
desligada da realidade”.
Portugal
está em pior estado do que estava no início do programa
O
ex-conselheiro de Durão Barroso é particularmente crítico dos resultados do
programa português: “Basta olhar para as previsões iniciais para a dívida
pública e ver a situação da dívida agora para se perceber que não é, de modo algum,
um programa bem sucedido. Portugal está mais endividado que antes por causa do
programa, e a dívida privada não caiu. Portugal está mesmo em pior estado do
que estava no início do programa”.
O economista
defende para Portugal “uma reestruturação dos bancos, um perdão de dívida tanto
pública como privada, é preciso investimento do Banco Europeu de
Investimentos"
É destrutivo
uma Alemanha quase-hegemónica
A orientação
política seguida, afirma, veio da Alemanha. “E a Alemanha aconselhou mal, em
parte por causa da forma particular como os alemães olham para a economia, por
causa da ideologia conservadora, e porque agiu no seu próprio interesse egoísta
de credor em vez de no interesse europeu alargado. A UE sempre funcionou com a
Alemanha integrada nas instituições europeias, mas aqui, a Alemanha tentou
redesenhar a Europa no seu próprio interesse. É por isso que temos uma Alemanha
quase-hegemónica, o que é muito destrutivo”.
O economista
defende para Portugal “uma reestruturação dos bancos, um perdão de dívida tanto
pública como privada, é preciso investimento do Banco Europeu de Investimentos
(BEI), dos fundos estruturais da UE e através dos ganhos de um perdão de dívida
que reduza os pagamentos dos juros”.
Não é
verdade que os salários precisavam de ser reduzidos
Para
Philippe Legrain, “não é verdade que os aumentos salariais no sul da Europa
foram excessivos nos anos pré-crise. Em termos de peso no PIB, os salários até
caíram. Por isso não é verdade que esta foi a causa da crise, não é verdade que
os salários precisavam de ser reduzidos. Só que esmagar salários provoca o
colapso do consumo, agrava a recessão e agrava o peso da dívida, porque se os
salários baixam, é mais difícil pagá-la. Tudo isto é baseado no erro de
conceção alemão de que os custos salariais são uma coisa má e têm de ser
reduzidos, quando, de facto, deveriam ser tão altos quanto possível, desde que
justificados pela produtividade”.
(Este texto foi recebido através da Internet e procedência
de Esquerda-net).
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal