Ministro alemão demite-se após descoberta de plágio
por Lusa01 março
201116 comentários
Karl-Theodor zu Guttenberg Fotografia © Fabrizio Bensch -
Reuters
"É o passo mais doloroso da minha vida, mas quem se
decide pela carreira política não pode esperar compaixão", afirmou
Guttenberg em declaração lida no ministério da defesa, em que começou por
anunciar que já tinha apresentado o seu pedido de demissão à chanceler Angela
Merkel, a quem agradeceu "a confiança e a compreensão". "Sempre
estive disposto a lutar, mas atingi o limite das minhas forças", concluiu
o ministro.
A chefe do governo alemão, que tinha defendido Guttenberg,
repudiando as exigências da oposição, de numerosos académicos e até de
personalidades do seu partido para o demitir, perde assim o seu ministro mais
mediático, a quatro semanas de importantes eleições regionais no estado de
Baden-Wuerttemberg.
Guttenberg, jovial, distinto, bem parecido, de ascendência
aristocrática, era o ministro mais popular da coligação de centro-direita,
surgindo mesmo à frente de Angela Merkel nos barómetros de simpatia dos
políticos alemães nos últimos meses. Além disso, era também a grande esperança
do seu partido, a União Social-Cristã (CSU) da Baviera, para uma eventual
candidatura a chanceler federal e para suceder a Merkel, a médio ou longo
prazo.
A dirigente conservadora tentou ainda defender a
permanência de Guttenberg no executivo, afirmando que tinha nomeado "um
ministro da Defesa, e não um assistente académico", mesmo depois de a
Universidade de Bayreuth, confrontada com numerosas provas de plágio na tese de
doutoramento, lhe ter retirado o grau de doutor.
Na semana passada, Guttenberg já tinha anunciado que
renunciaria ao título, admitindo que tinha cometido "graves erros" no
seu trabalho académico, justificados com os seus inúmeros afazeres, mas
garantindo que não tinha cometido plágio intencionalmente. A oposição, porém,
acusou o ministro de continuar a não revelar toda a verdade, e insinuou mesmo
no parlamento que Guttenberg não foi o autor da tese, e provavelmente recorreu
a um "ghostwriter" (um autor anónimo) para a escrever.
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