"Alemanha tem que decidir se quer sair do euro",
diz George Soros
Trigésimo
homem mais rico do mundo critica a gestão alemã da crise das
dívidas soberanas e diz que é a altura do país decidir se quer ou
não sair do euro.
Liliana
Coelho
EPA/Alejandro Garcia George Soros acredita que só é possível
parar a espiral recessiva na União Europeia alterando a política
O multimilionário e investidor George Soros, numa
entrevista publicada hoje pelo jornal "El País", tece
duras críticas ao papel da Alemanha na gestão das crises europeias
e defende a necessidade de se recuperar o espírito de cooperação e
solidariedade entre os países-membros da União.
"A Alemanha deve decidir se quer refazer a
Europa da forma em que originalmente estava destinada a ser, que
pressupõe aceitar as responsabilidades necessárias para avançar
nessa direção, ou deve considerar sair do euro e deixar o resto dos
países que acreditam nos eurobonds e podem combater a crise",
diz George Soros ao "El País".
Segundo o investidor, que está na 30ª posição
do ranking dos bilionários da revista "Forbes", só
é possível parar a espiral recessiva na União Europeia alterando
as políticas.
"A política atual leva a uma dinâmica que
consiste em sofrer uma crise atrás da outra, porque só quando o
quadro se torna muito feio os países credores liderados pela
Alemanha extendem apoio aos devedores", acrescenta Soros,
sublinhando que essa política não funciona porque peca por ser
demasiado tardia.
Saída não significaria fim do euro
Questionado sobre se a saída da Alemanha da zona
euro significaria o fim da moeda única, George Soros diz claramente
que não, apontando para o papel importante do Banco Central Europeu.
Na visão do investidor, os países devedores teriam
necessariamente de seguir uma política comum para manter o euro,
caso contrário pagariam um "preço terrível."
George Soros diz também acreditar que se a
Alemanha saísse do euro, os países devedores de transformariam em
economias competitivas e as suas dívidas diminuiriam fortemente face
à desvalorização da moeda única. O principal prejudicado seria o
próprio país, defende.
"O preço do ajuste recairia sobre a
Alemanha, que teria que lidar com dificuldades, porque de repente os
seus mercados seriam inundados por importações do resto da Europa",
explica Soros.
Alemanha deve aceitar eurobonds
O investidor húngaro-americano volta ainda a
defender a necessidade de converter a dívida existente em eurobonds
para se sair da crise, frisando que cabe à Alemanha mudar de direção
e aceitar os eurobonds o mais breve possível, a fim de evitar
que a situação se deteriore ainda mais.
Neste sentido, George Soros defende a necessidade
de se recuperar o espírito de "cooperação" na União
Europeia, entre países credores e devedores, salvaguardando o
futuro.
"A crise do euro
transformou a União Europeia numa associação voluntária entre
Estados iguais numa relação entre credor e devedor. E em situação
de crise, os credores ditam o fim da relação, que leva a que os
devedores fiquem sempre numa pior situação. E isso condena a União
Europeia a um futuro muito sombrio", remata.
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