PRETEXTO E APROVEITAMENTO
IINDECENTE DA VISITA DO PAPA
Brasilino Godinho
27/Janeiro/2023
Acabei de ler no Facebook um texto laudatório da visita do Papa Francisco a Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude, de Agosto do corrente ano.
Trata-se de uma peça escrita em tom eufórico que transmite a ideia de a realização do evento se traduzir num grande êxito económico/financeiro; porventura, redentor da situação pelintra da Pátria…
Mas mesmo que tal desfecho seja plausível é facto que representa um pretexto, abusivo, condenável, aproveitamento obsceno da visita do Papa Francisco. Este é um aspecto deprimente e elucidativo da faceta comercial de um acontecimento pretensamente religioso, que compromete muito negativamente os seus promotores.
Além de ser demonstração da medíocre e nefasta mentalidade prevalecente em alguns sectores políticos, administrativos, sociais, religiosos e governativos da sociedade portuguesa.
Também revelador da incapacidade dos organizadores em gerir o tempo adequado à realização das obras.
Assisti ontem, à noite, a uma transmissão na CNN, de entrevistas a um arquitecto e uma jornalista, em que foram assinaladas a confusão, desorientação e atrasos na elaboração dos projetos das obras a executar. Isto é: não se conhecem as soluções, visto que ainda não estão definidas as naturezas e especificações dos planos das obras a executar.
É tradução de uma pecha nacional para a improvisação e de deixar as coisas e os trabalhos para a última hora. Aqui, neste ponto bem evidenciado, se atentarmos que a Jornada Mundial da Juventude a efectuar em Lisboa foi determinada há quatro anos. No caso vertente, estamos a sete meses do acontecimento que, durante o tempo de celebrações da Jornada, vai complicar sobremodo a vivência na cidade alfacinha.
Mais importa realçar que Portugal e os portuguese bem dispensariam tal acontecimento num tempo e modo inconvenientes, dado que a situação de pobreza generalizada não se coaduna com o grau de grandeza sumptuária que é pretendida pelas pessoas organizadoras da Jornada Mundial da Juventude.
Uma atitude que vai denegrir Portugal a nível internacional. Os estrangeiros interrogar-se-ão: como é possível um país laico, muito endividado e com cidadãos a morrerem de fome, de falta de abrigo e com carência de tratamentos médicos, se permite esbanjar milhões de euros numa forma tão obscura e desfasada da realidade social do seu país. Uma vergonha! Um grande escândalo!
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