Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, janeiro 18, 2022

 

PREVENÇÃO AOS LEITORES

Brasilino Godinho

17/01/2022

 

01. Quero prevenir os leitores que nesta crónica vou dar um salto geográfico e histórico entre a Itália do ano de 1922 e Portugal de 2022. Prestes a completarem-se 100 anos.

Da Itália, fixando-me na figura de Benito Mussolini e no dia 27 de Outubro de 1922.

Benito Mussolini, que em 1922 a si próprio se intitulou Duce (Condutor), professor do ensino primário, precedendo uma breve militância no Partido Socialista do qual houvera sido expulso, naquela data já fundara o Partido Fascista e a milícia dos Camisas Negras. E com ela realizou a 27 de Outubro de 1922 a Marcha sobre Roma. Chegado à capital italiana não tardou que o Rei Victor Manuel III o nomeasse chefe do Governo.

O Partido Fascista alcançava o Poder e Mussolini dava livre curso à estruturação de um Estado Corporativo, percussor dos Estados Fascistas que se estabeleceram na Europa: III Reich (Alemanha Nazista), em Janeiro de 1933, sob chefia de Adolf Hitler; Portugal, em 1933, sob a chefia de António Oliveira Salazar; Espanha, em 1939, sob o comando supremo do general Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde que, por sua vez, se atribuiu o título de Generalíssimo e que houvera desencadeado a Guerra Civil de Espanha em 1936, com o apoio das forças armadas da Alemanha Nazista e da Itália Fascista.

Na Alemanha, na Espanha e em Portugal os respectivos ditadores adoptaram a doutrina fascista, o modelo corporativo, os órgãos de governo e instrumentos de organização sociopolítico que caracterizavam o regime fascista italiano.

Focando as referências de similitude entre o modelo matriz do fascismo e a cópia do fascismo português é de realçar as corporações, a orgânica judicial, polícia política PIDE, Mocidade Portuguesa, Legião Portuguesa, o Estatuto Nacional do Trabalho que era uma tradução praticamente literal da Carta del Lavoro italiana (quando no ano de 1946, adolescente, a li e confrontei com a correspondente lei, Estatuto Nacional do Trabalho, vigente em Portugal, fiquei muito surpreendido pelo copianço sem rebuço - manifesto plágio). Começou por aí a minha elucidação sobre o que era o Fascismo que tínhamos em Portugal.

Em Portugal, Oliveira Salazar, que nutria admiração pelo Duce e dele chegou a ter fotografia na secretária do trabalho diário (que cheguei a ver inserida no jornal O Século, enquadrada com a imagem do ditador português, sentado junto ao móvel, em pose de escrita) deu ao regime a designação de Estado Novo e mais tarde - logo a seguir ao término da Segunda Grande Guerra no teatro de operações bélicas na Europa, Mediterrâneo e Oceano Atlântico - em discurso oficial classificou-o de Democracia Orgânica, para causar boa impressão aos Países Aliados, vencedores do conflito que se desenrolou de 1939 a Maio de 1945, contra as potências do Eixo: Alemanha, Itália e Japão.

 

02. É de notar que a denominação de Estado Novo tem registo de três versões: a que foi apadrinhada por Oliveira Salazar; a que vigorou no Brasil, entre Novembro de 1937 e Janeiro de 1946, sob a chefia de Getúlio Vargas; e a actual que é por mim atribuída à vigente Partidocracia; esta integrada no âmbito da Terceira República.

Para alguma gente parecerá estranho que a Partidocracia seja regime representado como Estado Novo reciclado e de formatação sofisticada; nalguns aspectos, mais perverso do que o modelo que é a sua matriz salazarenta. Mas tem adequada sobreposição classificativa, como tenho vindo apontando ao compasso do tempo.

Ao longo do espaço temporal que vem decorrendo desde 1974 hei analisado, com frequência em crónicas e livros, o que distingue e formaliza a caracterização desta Terceira República como herdeira da mentalidade fascista que impregnava a ideologia de Salazar e do ordenamento orgânico e sociopolítico do Estado Novo.

Como dizem os brasileiros: “não vou chover no molhado”. Até porque não cabe aqui lugar e espaço para repetir considerandos e análises.

Mas, forçosamente, importa destacar que o Estado Novo instaurado por Salazar e o Estado Novo reciclado, de agora, com máscara e profusa publicidade de democrático, incluso na Terceira República, para além da formatação fascista tida como elo, têm a imperiosa, determinante, matriz comum: a Maçonaria!

 

03. Aflorei a questão de continuarmos envoltos numa atmosfera asfixiante de um neo-fascismo matizado com cores do arco-íris e que, sem dúvida, está prevalecendo em continuidade da ditadura do Estado Novo, que existiu sob orientação de Oliveira Salazar e de Marcelo Caetano, por no princípio da última semana ter havido uma informação provinda dos USA que releva de grande importância e é demonstrativa dos processos usados no tempo de Salazar e que agora vão subsistindo e, nalguns casos aprofundando, sem os cidadãos se aperceberem da natureza do sistema a que estamos submetidos.

Aliás, as novas gerações desconhecem o que foi o regime do Estado Novo e não tendo referencial facilmente são manipuladas por gente sem escrúpulo e mal-intencionada que subverte a verdade histórica sobre um sistema político que existiu numa época de triste memória e de penosa evocação – do qual vamos tendo inquietante, muito sofredora, repetição e bastante mau prosseguimento na actualidade. Sob o atrevido disfarce de Democracia.

A informação foi dada pela Universidade de Washington de que em Portugal se estavam registando 200 mil infecções diárias provocadas pela Covid-19. Em Lisboa, os serviços oficiais anunciavam, no mesmo dia, que os infectados eram 30 mil por dia. Repare-se na disparidade. E feita a comprovação de que, tal como sucedia na época do Estado Novo, à imagem e interesse de Salazar e Caetano, também neste tempo de Estado Novo reciclado, se queremos saber o que se passa em Portugal temos de estar atentos às notícias que nos chegam do estrangeiro.

Anoto que tal credível informação norte-americana corresponde à opinião que tenho emitido nas crónicas que subscrevo: nós, portugueses, estamos longe de saber a gravidade da pandemia Covid-19, pois que não são fiáveis os dados filtrados pelas Senhoras da Saúde para o conhecimento público e muito numerosas serão as vítimas sem delas ser facultado indicação e registo oficial, tal como aconteceu com a terrível austeridade. Nessas actuações se igualam os diversos e coloridos “artistas” do circo político que há anos se vem exibindo no campo do Estado Novo reciclado, em funcionamento no território português.