UM TEXTO SEM TABUS…

Brasilino Godinho

01 de Março de 2021

 

PORTUGAL É UM PAÍS DE

MUITAS SINGULARIDADES

 

Algumas de valor surpreendente. Outras esquisitas que nem se recomendariam ser vistas ou conhecidas pelo menino Jesus. Dispenso-me de descrever umas e outras. Aqui e agora, farei breves referências a algumas que vêm à lembrança ao correr dos dedos pelas teclas do computador.

Lembro-me dos fenómenos do Entroncamento dos tempos do Estado Novo; o qual, por sinal, sucumbiu de velho, em transe de enfermo de grandes males. Digo, de passagem, males que vieram a atingir o devir de Portugal e se conjugaram na herança configurada na vigência da actual nefasta Partidocracia.

No presente tempo de desvario, tristezas muitas e de desgraças infindas, que infernizam o quotidiano das gentes lusas, prevalecem os terríveis efeitos da Pandemia Covid-19. Todavia, as autoridades sanitárias querem fazer-nos crer que ela se está extinguindo por força de um expediente simples, mas garantidamente eficaz – o que sobreleva de engenho e arte na aplicação do peculiar instrumento concebido em sede governamental – e que é pioneiro a nível mundial: acabar com os rastreios e poupar nos testes.

E como não podia deixar de ser - segundo o que está convencionado nas capelinhas da Opus Dei, dispersas pelas Avenidas Novas e nas lojas/templos dos fraternos devotos de Salomão – o facto de a inteligência se ter concentrado em Lisboa(…), deu azo a tão inspirada iniciativa governamental de banimento dos coronavírus.

Pelo que estão criadas as desejáveis condições para que os grandes oficiais do Regimento de Infantaria Governamental, especialmente o comandante-chefe e as senhoras dr.ª Temido e dr.ª Gracinha, sejam devidamente condecorados com as Ordens de Mérito e da Liberdade (esta, como festiva evocação da permitida liberdade concedida às duas senhoras para darem livre curso a todas as fantasias que lhes surjam nas privilegiadas mentes) por Sua Excelência, Presidente da República, na véspera do próximo domingo de Páscoa. O que daria a ideia de, no Palácio de Belém, lhes estarem sendo dadas as amêndoas da Páscoa; entretanto adquiridas na vizinha Pastelaria dos Pastéis de Nata, de fama mundial…

Nota de recomendação

Permito-me uma sugestão endereçada aos serviços do Protocolo: para não haver registos fotográficos e televisivos de desajeitadas mastigações, inestéticas vibrações faciais e gesticulações desconformes com a solenidade do evento e a imponência do cenário palaciano; será de elementar prudência que, pelos serviços competentes, não seja feito convite ao cavalheiro Silva Cavaco para assistir à cerimónia.

Haja em vista que: “Gato escaldado, de água fria tem medo”.

E que: “Quem faz um cesto, faz um cento”.

E ainda mais: que os pastéis de nata, de Belém, são tentação e estarão por ali, à mão de semear e de colher com sofreguidão, por quem disso já deu mostra concludente.