REFLEXÃO
DE BRASILINO GODINHO
QUE MANTEM
ACTUALIDADE
24.
Apontamento
Brasilino
Godinho
15/Novembro/2017
“MARCELO PEDE APURAMENTO DE RESPONSABILIDADES
NOS CASOS LEGIONELLA E TANCOS”
(Título da Renascença)
Leio! Registo! Comento!
E se me importasse minimamente com
os epítetos que talvez me lancem à queima-roupa todos ou a maior parte dos
espertos Marcelos, dos obstinados Coelhos, dos malabaristas Portas, das
saltitantes e emproadas Cristas, das destemidas Catarinas, dos misericordiosos
Santanas, dos autoconvencidos Cavacos e dos inquietos Jerónimos, espalhados
neste torrão natal, após lerem o que vou escrever, decerto que seria mais
reservado na presente circunstância. Mas não é esse o habitual procedimento do
articulista que redige esta prosa. Esta é uma referência que importa
subscrever, visto que neste país é imprescindível, agora mais do que nunca,
haver alguém que chame os bois pelos nomes, e desperte nos concidadãos o
sentido da crítica, o culto da seriedade, o valor dos princípios e faça a
apologia da justiça, do rigor, da fraternidade, como vectores essenciais ao
fluir normal da vivência da sociedade portuguesa.
Ora digo eu: Com a provecta idade
de octogenário e pela experiência de vida que tenho para meu uso e fruto –
subentendendo que dou por adquirido que, nesta Aveiro onde resido, já não há
espaço facultado para minhas úteis intervenções de amplo espectro, nem
disposição das forças vivas, e das forças semimortas, para me acolherem
colaboração, me facultarem algum uso às faculdades de alma e aceitarem alguns
préstimos - ainda estou aguardando que me expliquem em que consistirá a
exigência de responsabilidades. Não sei do que se trata. Será que sou um
ignorante nesta matéria?
Ou para tentar adquirir tão
importante conhecimento teria de frequentar aquelas (des)interessantes
universidades de Lisboa que fornecem, género pronto a vestir, as licenciaturas
arrelvadas e socráticas tidas num alto apreço em sedes judiciais e
excelentemente credenciadas nos gabinetes ministeriais dispersos pelo Terreiro
do Paço?
Devo dizer que se é essa a
alternativa que os inteligentes do mercado de más influências deste Portugal
têm para me oferecer, vos digo sem cerimónia e uma vez arredadas falsas
delicadezas, que bem podem limpar as mãos às paredes dos decadentes monumentos,
outrora bem vigiados e melhor cuidados pela Direcção Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais.
Para além do que precede é de
anotar que o pedimento do presidente Marcelo é sintomático e reflecte a crónica
pedinchice nacional.
Em Portugal pede-se por tudo e
por nada. Até as pessoas estão sujeitas à humilhação de pedir emprego; quando,
afinal, têm direito a ele. Chegou-se mesmo, a incentivar os jovens para irem ao
estrangeiro em busca de trabalho.
E se, porventura, houver que
falar sobre responsabilidades teremos primeiro que nos entendermos sobre o que
tal termo significa. Em Portugal há muito que o termo foi banido da
terminologia oficial e do entendimento que, de quando-em-quando era evocado
pelo vulgar cidadão, quando a palavra vinha à colação em conversa ou citada na
imprensa.
Por outro lado - se
responsabilidades fossem evidentes na sociedade portuguesa e com real e
corrente aplicação – e se me ativer ao que é do meu próprio saber direi que
responsabilidades não se pedem. Exigem-se! Aliás se o presidente Marcelo não
tem poderes para exigir seja lá o que for entendido como responsabilidades, não
se permita o confrangedor expediente de pedir responsabilidades.
Pela razão de que a verdade é só
uma: ninguém lhas vai dar!
A título ilustrativo: os leitores
já se deram conta que em Portugal é raro haver alguém que se demita do governo
ou de alto cargo, por maiores que sejam as faltas, as omissões, as
desgovernações e as desgraças que causam aos portugueses e a Portugal.
Há anos até houve uma criatura
irrevogável que fez o extravagante espectáculo de pedir exoneração irrevogável:
a sua! A mesma mergulhada em águas de bacalhau, de imediato caiu em sexto roto.
Bacalhau que terá vindo embarcado em submarino navegando submerso em águas
muito profundas…
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