BRASILINO GODINHO
256. Apontamento
03/Agosto/2019

HAJA OU HOUVESSE DEUS…

01.Assim escrito e afirmado com propósitos de intercessão com vista a tornar este Mundo que muitos católicos apostólicos romanos admitiam ingenuamente ser de Cristo, mais harmonioso e verdadeiro paraíso, sucedâneo do homónimo celeste.

Desde logo, que pusesse ordem e virtuoso acantonamento dos seus discípulos: padres, cónegos, bispos, cardeais, na sua Igreja; a qual, cada vez mais, se assemelha a antro infernal onde ocorrem grandes perversidades que lhe deviam ser liminarmente recusadas e afastadas para o reino do Inferno.

02. Escrito isto, transcrevo notícia de decisão do Papa Francisco, publicada nos órgãos da Comunicação Social:

“Papa quer comissões em todas as dioceses para lidar com abusos sexuais” .

Registo: “todas as dioceses” – o que traduz a real e descomunal dimensão da perversidade sexual que vem subvertendo a respeitabilidade da Igreja Católica à escala mundial.

Desta determinação papal fica evidenciada a podridão sexual instalada na Igreja Católica em todo o Mundo – o que era geralmente tido pelas populações como dado inquestionável prevalecente há muitos dilatados tempos e que o Vaticano fingia ignorar.

A mim, faz-me espécie a hipocrisia reinante há séculos no seio da Igreja Católica, relacionada com a sexualidade dos clérigos.

Também me suscita alguma confusão como os católicos convivem com situações de aberrante cinismo e intolerável hipocrisia; e que, liminarmente, por coerência de princípios e honestidade intelectual, deveriam rejeitar.

03. Pergunto: padres, freiras, bispos, cardeais, quando foram ordenados ministros da Igreja, não fizeram solenes votos de castidade?

Se bem julgo ainda fazem. Se não cumprem e nem se respeitam a si próprios, são, inquestionavelmente, falsários e refinados hipócritas, que se comprazem no cinismo e na máscara carnavalesca de se insinuarem por aquilo que não são. Digo: são uns impostores! E agem como propagandistas de falsa doutrina. Sobremodo, desvalorizam a Igreja. Não colha a patética e costumeira observação: “Cumpram aquilo que eu digo; não reparem naquilo que faço”. Suprema e cínica demonstração de hipocrisia e baixeza moral.

Infelizmente, a sociedade dá-lhes imerecido acolhimento; por que também ela enferma da patologia configurada no desprezo dos valores morais de nobreza de carácter e de civismo, que dão sentido à vida digna e honrada do ser humano.

Nota final:

Conheci clérigos que, sentindo-se incapazes de cumprir os votos de castidade, renunciaram da condição sacerdotal - a correcta atitude de uma pessoa digna e responsável.

Brasilino Godinho, ateu assumido, escreveu o presente texto na qualidade de cidadão atento aos fenómenos sociais e, com este enquadramento, comentando uma conjuntura religiosa que, de todo, é lamentável numa instituição que deveria compatibilizar a doutrina com a prática quotidiana dos seus membros. E de certo modo, se constituir como reserva moral da Nação.