“CÂNTICO” TERCEIRO
CELEBRANDO O INVULGAR E
MUITO EXPRESSIVO ÊXITO DA
NÃO CANDIDATURA A DEPUTADO
DE BRASILINO GODINHO
“CÂNTICOS” BRASILIANOS
“CÂNTICO” TERCEIRO
RETROSPECTIVA DA FORMAÇÃO INTELECTUAL E ACADÉMICA DE
BRASILINO GODINHO, TITULAR DA ORA FALHADA CANDIDATURA A CANDIDATO A DEPUTADO DA
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
(03 de Agosto de 2019)
TOMO I
01. A minha formação intelectual iniciou-se na
cidade de Tomar, em 1939, aos 8 anos de idade. Com um excelente alicerce e uma
clara motivação: o gosto e apetência pela leitura e pela aquisição do saber e
do conhecimento do mundo circunscrito mais próximo à minha vivência quotidiana.
Nos primeiros anos de vida
infantil houve um factor favorável e decisivo no sedimentar a tendência
manifesta pela leitura e atenção concentrada na observação do mundo em redor e
abrangendo largos espaços de coisas e loisas: locais, regionais, nacionais e
estrangeiras. Refiro-me à circunstância de todos os dias ter em casa o Diário
de Notícias, regularmente trazido por simpáticos ardinas (marido e esposa). Ao
tempo, era uma janela que se me abria face ao mundo. Neste aspecto, seguiu-se,
em menor escala, a Emissora Nacional e o Rádio Clube Português, propriedade da
família Botelho Moniz (achava graça às canções do Jardim da Celeste, do
Tiroliro e anúncios das Conservas La Rose e Café Sical e aos relatos de futebol
do Alfredo Quádrio Raposo, na Emissora Nacional e que um dia, por desavença
pessoal com o chefe hierárquico, foi substituído - abruptamente - pelo Artur
Agostinho).
Em dada altura ao Diário de
Notícias sucedeu o Século. Nele inserido o suplemento PIM-PAM-PUM que era lido
com atenção, bem como O MOSQUITO. As aventuras do Serafim e Malacueco eram
minhas leituras infantis predilectas.
No ano de 1942, e nele leccionada
a 4ª classe do Ensino Primário, ocorreu a arrancada pela área da literatura
nacional com as leituras das obras de Júlio Dinis: AS PUPILAS DO SENHOR REITOR,
A MORGADINHA DOS CANAVIAIS, UMA FAMÍLIA INGLESA, OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA,
SERÕES DA PROVÍNCIA.
02. A partir desse ano (1942)
alargou-se bastante o leque das minhas leituras de jornais, revistas e livros.
Leituras persistentes, variadas e abarcando os mais diversos teores e
diversificadas matérias. Estabeleci uma rotina que se prolongou por dezenas de
anos.
Especifico:
- Jornais
Diário de Notícias; Século, com
Acúrcio Pereira, pai do actor cómico Óscar Acúrcio, como chefe da Redacção; Primeiro
de Janeiro; Diário de Lisboa, que inseria as apreciadas crónicas de Mário
Castrim; Diário Popular; Expresso, de que fui comprador/leitor
durante dezenas de anos, desde o primeiro número do referido semanário,
propriedade de Francisco Pinto Balsemão.
Com alguma regular intermitência,
diária ou semanal, eram lidos: Diário da Manhã, órgão da situação salazarista;
República, da oposição republicana, que os ardinas de Lisboa apregoavam, “Traz
o Rocha!” e “Olha o Rocha!”, jornalista polémico Rocha Martins, que muito
infernizava os fanáticos salazaristas; Novidades, órgão da Igreja Católica, que
tinha o conceituado padre Moreira das Neves como chefe da Redacção e no qual
cheguei a colaborar na secção ALERTA, do Escutismo (CNE), com inserção de
pequenas notícias sobre as actividades do tomarense Grupo 49; Comércio do
Porto, ao tempo conotado como germanófilo e que era o periódico nacional que
mais inseria as notícias emanadas do grande Quartel-General do Fuhrer.
Jornais sempre lidos, enquanto se
publicaram e que foram encerrados pela PIDE: semanários O TRABALHADOR, dirigido
pelo distinto sacerdote Abel Varzim, e extinto por ordem do Subsecretário de
Estado das Corporações e Previdência Social, António Júlio de Castro Fernandes;
e o SOL, dirigido pelo prestigiado estratega militar, Tenente-Coronel Lelo
Portela.
Antes de fundar o jornal SOL, de
excelente aspecto gráfico e de alta valia do quadro de colaboradores, Lelo
Portela tinha-se distinguido pela elevada qualidade e competência em estratégia
militar, evidenciadas nas crónicas que, sobre a evolução da guerra de guerrilha
da Resistência Francesa (MAQUIS), vinha publicando na primeira página do
Século. Às tantas apercebido pelas tropas nazis, ocupantes de todo o território
francês, que o MAQUIS operava seguindo as estratégias delineadas nas crónicas
do Tenente-Coronel Lelo Portela, terá havido recomendação dos Aliados para ele
cessar a publicação das suas peças escritas no Século – o que aconteceu,
repentinamente, sem se ter registado qualquer explicação para um desfecho que
causou perplexidade no público que as seguia atentamente e ao Brasilino Godinho
que, avidamente, as lia todos os dias.
(Continua no TOMO II)
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