BRASILINO GODINHO
240. Apontamento
28 de Maio de 2019
BREVES ANOTAÇÕES SOBRE A
REVOLUÇÃO DE 28 DE MAIO DE 1926
Faz hoje 93 anos que teve início
na cidade de Braga a Revolução Nacional (segundo o léxico nacionalista da era
do Estado Novo), sob o comando do general Gomes da Costa.
As tropas sublevadas investiram
sobre Lisboa e quando lá chegaram não lhe foi oposta resistência, uma vez que a
população estava farta da anarquia existente e o almirante Mendes Cabeçadas já
assegurara a vitória, visto que o governo se demitira e o Presidente da
República, Dr. Bernardino Machado, o nomeara chefe do governo sob regime de
Ditadura Militar.
O movimento inspirou-se na
ditadura do general Primo de Rivera, ao tempo vigente em Espanha e, sobretudo, na marcha dos camisas
negras de Benito Mussolini, sobre Roma em 28 de Outubro de 1922.
Seguiu-se um período de
desentendimentos e intrigas palacianas entre os militares; os quais, não tinham
ideias e políticas definidas sobre o rumo da Nação e a evolução do País. Um
parêntesis para lembrar que algo parecido aconteceu a 25 de Abril de 1974. Parece
que os militares carecem de formação política e de aptidão para administrar a
coisa pública.
Naquele confuso período
sucederam-se, no campo dos revoltosos, as disputas entre as facções
nacionalista, republicana, monárquica e maçónica, que sucessivamente arrastaram
a quase imediata queda do almirante Mendes Cabeças, e logo a seguir, em poucos
dias, do prestigiado general Gomes da Costa (comandante do Corpo Expedicionário
Português, no teatro de operações em França, da Primeira Grande Guerra, de
1914-1918), preso e deportado para a Ilha Terceira, onde teve como Ajudante de
Campo, o capitão Aniceto dos Santos, que viria a ser, na década dos anos
cinquenta, Governador do Distrito Autónomo de Ponta Delgada, Açores.
Acabou por se impor como força
dominante na Ditadura Militar a facção maçónica encabeçada pelo general Óscar
Carmona.
Como facto curioso e
significativo dos expedientes que são usados nas ditaduras e nas governações de
todos os matizes políticos, a Ditadura Militar teve, no arranque em Braga, uma
patética figuração em jornais de Lisboa; a qual, dezenas de anos decorridos, veio
a ser revelada (se bem me recordo), pelo próprio autor, jornalista Manuel
Múrias: a sensacional notícia e fotografia do general Gomes da Costa, a cavalo,
em frente de uma coluna de militares, na cidade de Braga, como se estivesse
lançando uma proclamação às massas populares, em tom vibrante e arrebatador;
até, pretensamente, transcrevendo os termos em que fora pronunciada e os fortes
aplausos que lhe teriam sido dirigidos pela entusiástica multidão. Afinal, tudo
fora uma ardilosa manobra de enganar e convencer o Povo da força e das
intenções dos revoltosos. Ou seja: a
revolução começava sob o signo da mentira.
A Ditadura Militar durou até
1932. Nesse ano sucedeu a Ditadura de Salazar, designada Ditadura Nacional que,
como tal referenciada, teve término em 1933, com a aprovação da Constituição da
República, de 1933 que institucionalizou o Estado Novo.
Nesta data é de anotar, em
atenção às novas gerações, que a Revolução de 28 de Maio de 1926 não criou o
Estado Novo. Durante a Ditadura Militar foi coisa arredada das intenções dos
militares revolucionários.
O Estado Novo é, sim, uma
inspiração e criação, em 1933, do Dr. António de Oliveira Salazar.
Por último, é de referir que a
Ditadura Militar, sob a direcção de personalidades maçónicas, como o general
Óscar Carmona, presidente vitalício da República Portuguesa, veio a recolher no
seu seio e a promover o seu irmão fraterno Dr. António de Oliveira Salazar. E
com ele – tempos antes, ungido na Loja Revolta, de Coimbra, tendo como padrinho
o Dr. Bissaya Barreto – o Estado Novo, se configurou como o apogeu do Estado
Maçónico Português.
P. S. – A expressão “Estado Novo foi
o apogeu do Estado Maçónico Português” não é minha.
Mas corroboro-a! Sem quaisquer
dúvidas!
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