BRASILINO
GODINHO
196.
APONTAMENTO
20 de Fevereiro de 2019
ELES COMEM MUITO E
AVIDAMENTE…
DEPOIS SUCEDEM-SE AS
DESGRAÇAS…
01. É sobejamente conhecido por quem em Portugal não anda a dormir na
forma ou a ver passar os comboios das desastradas (des)governações nacionais,
que os políticos que a elas ascendem e delas colhem extraordinários proventos
materiais, vistosas comendas honoríficas e jubilosas mordomias nos sectores
empresariais e bancários, seguem um rumo ou guião ascensional das suas magníficas
e opulentas carreiras há muito consagrado, usado e mantido, com acautelada e
deslumbrante pertinácia e cativante admiração de amigos, companheiros e
familiares – os quais, não se fazem rogados em saudar, proclamar e aplaudir as
grandes façanhas que eles vão realizando nas actuações no circo político; as
quais, têm lugar, em exibições contínuas na capital alfacinha e nos conceituados
e mal-afamados (passe a antinomia) arredores saloios.
Ora, vejamos:
02. Ainda dir-se-ia
que vivendo debaixo das fraldas das mamãs ou na menor das hipóteses durante a
adolescência, os mocinhos devem ser incluídos nas agendas de previsões e nos
mapas de provisões familiares e partidárias, com a anotação de predestinados a terem
atraentes carreiras políticas. E ainda no início da juventude devem ser
inscritos nas Jotas da sua predilecção ou da preferência dos seus pais. Aí,
nessas preciosas agências de partidários recrutamentos de empregos juvenis, terão
magnificas oportunidades de frequentar com elevados aproveitamentos doutrinais
as incríveis universidades de verão (enquanto não se criam as universidades de
inverno…) – logo alcançando recomendadas credenciais para, decorridos poucos
anos e em idade em que, de todo, nem se libertaram das fraldas maternas, ascenderem
a posições preponderantes num qualquer ministério onde serão muito bem recebidos
como técnicos especialistas de 1.ª classe em coisa nenhuma, ou como assessores
ou chefes de gabinetes. De realçar, que há sempre um ministério que espera ansiosamente
pela programada criatura – ou não estivesse ela, desde tenra idade (tal como os
reis…) predestinada para aquele específico lugar; que assinale-se fica muito
bem decorado com tão ilustrada figura…
Dadas por
fim as comichões (não confundir com comissões) e precedendo extraordinários
louvores, devidamente exarados em Diário da República, pelos baixos e altos
voos picados efectuados pelos dedicados e mui apetrechados de giros atributos
físicos e de elevados predicados mentais dos serventuário; é a altura de os
jovens machinhos e as jovens fêmeas darem os saltos acrobáticos do Terreiro do
Paço para o Palácio de S. Bento ou, em alternativa, fazerem o transbordo de
funções: de subalternos nos ministérios para Secretários de Estado -
mantendo-se desta expedita forma no meio ambiente palaciano, no qual se
movimentam à-vontade como as espécies que vivem em águas profundas. Dito de
outro modo: conservando o vínculo governativo.
Entretanto,
entretidos nas funções de ajudantes-de-campo, do ministro (segundo a sábia
designação que in illo tempore, a
grande figura política de triste cariz cavacal, em alarde de grande sapiência
politiqueira, lhes atribuiu, vão passando o tempo até que se depara o momento
de serem catapultados para ministros.
Como
ministros vão evidenciar múltiplas faculdades; as quais, os predispõem e
recomendam para quando deixarem os ministérios porem, de novo, em pública
exposição a sua inolvidável arte acrobática de bem cavalgar o futuro. O que é
facilitado pelo grande domínio da arte de magia com que da gestão no governo,
passam a administradores bancários e a grandes empresários. Nestes casos,
decerto por prevalência da tradição de práticas de magia negra. O que equivale
a considerar que, também nos bancos e empresas, guardados estavam os lugares de
administradores para os ministros, logo que desligados das funções
governamentais.
Face ao
que se vai conhecendo - e aqui se relata - depreende-se que, em Portugal, estão
bem definidos os percursos das grandes figuras do mundo político, das instituições
bancárias e das grandes empresas.
03. Importa
termos bem presente a certeza que está à vista: durante os mencionados
percursos prevalece um dado inequívoco: os ditos, cujos políticos e
administradores, são uns refinados glutões. Eles comem muito e avidamente.
Tanto e
descontroladamente, se alimentam no dia-a-dia que, empanturrados com abundantes
refeições governamentais, bancárias, empresariais e com obscenos e lautos repastos
de milhões de euros; que depois, nos aquecidos e requintados gabinetes, não
conseguem dar uma para a caixa…
04. Desta
desconformidade funcional o actual governador do Banco de Portugal deu
esclarecedora informação.
Ele
disse, em entrevista ontem divulgada, que não se sentia responsável pelos
atropelos e gravíssimos prejuízos financeiros verificados na administração da
Caixa Geral de Depósito, de que, à época, era administrador; porque, nas
reuniões efectuadas pela administração para autorizar as concessões dos
vultuosos créditos de muitos milhões de euros, se limitara a fazer figura de
corpo presente. Ou seja: “a assegurar o número de administradores necessários”.
Lê-se e
Pasma-se!
Então um
administrador do maior Banco português, Carlos Costa, limita-se a participar nas
muitíssimo importantes reuniões da administração só para marcar presença e, provavelmente,
receber as respectivas senhas de milhares de euros? Não assinou as respectivas
actas como participante nas sessões deliberativas? E se esteve presente, a
título de administrador obviamente que, assinando as actas, assumiu
responsabilidades por tudo que foi decidido. A menos que tivesse feito
declarações de voto, explicitando discordância e firme, inequívoca, oposição às
deliberações decididas pelos colegas.
Porém,
como admitir que ele fosse para as reuniões sem conhecer as programadas Ordens
de Trabalhos? E em todas as reuniões se repetiram essas aventadas anomalias de
funcionamento da Administração da Caixa Geral de Depósitos?
Ao tempo,
o Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos era constituído por um
colégio de amadores, pagos a peso de ouro?
Aliás,
estando em discordância, não havia maneira de se dispensar da presença nas
reuniões? Até a Caixa Geral de Depósitos teria poupado milhares de euros – o
que, igualmente, seria um expediente de boa gestão financeira.
05. Atrevo-me
a escrever que se o Senhor De La Palisse fosse vivo e se convocado a dar
opinião sobre tal atitude do administrador presente e auto configurado como
ausente nas sessões importantes da Caixa Geral dos Depósitos, diria que a
ilustre pessoa estava de tal forma empanturrada com a digestão das aqui
mencionadas refeições e grandes repastos, que adormecia e ficava -
providencialmente, por oportuna intervenção de entidade divina da sua especial
devoção - alheio ao que se desenrolava nas sessões…
06. Concluindo:
Face ao que fica exposto, não admira que a (des)governação do País e a falência
dos bancos e das empresas, sejam tudo aquilo que se conhece e, muito mais, tudo
que consta do ignorado estendal de coisas miseráveis e abjectas de que se
presume existência, mas que vão permanecendo obscuras nos subterrâneos da
Corrupção, da Desonestidade, da Incompetência Encartada (mui atrevida) e da
Injustiça – nos quais, em Portugal, não tem cabimento e intervenção repressiva
o Estado de Direito – que seria suposto existir.
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