PORTUGAL ESTÁ VICIADO EM CRISES
Parte I
Brasilino Godinho
01 – A breve crónica que se segue
abrangerá um tempo diacrónico contado desde o século XVI até à actualidade e
será dividida em duas partes. Porém, a primeira parte, incide sobre uma recente
ocorrência que poderia ter ocasionado uma grave crise que poria meio mundo
português em polvorosa, arrastando graves e imprevisíveis consequências… mas,
curiosamente, em conformidade com o avantajado registo histórico de crises que
é, afinal, património intrínseco de Portugal.
02. Se bem conto o tempo, terá
sido há dois meses que Cristiano Ronaldo, o grande e condecorado craque
português das futebolísticas lides, compareceu num tribunal de Madrid. Nele foi
julgado e condenado a pagar milionária quantia ao Fisco espanhol, por
comprovada fuga ao mesmo.
03. Embora ainda não galardoado
com a condecoração portuguesa mais importante: a da Ordem Militar da Torre e
Espada do Valor, Lealdade e Mérito - são favas contadas que um dia, a ele ou a outro
futebolista de grande nomeada, talvez até Eusébio, a título póstumo, ela será
atribuída com a devida pompa e circunstância - tal condenação da cristiana
ronaldina figura, despertou a bastante gente de oficial compleição física e
abstração mental, abancada à mesa do ORÇAMENTO, o propósito de lhe exigir a
devolução ao Estado das condecorações com que tem sido contemplado.
04. Por enquanto, a ideia parece
não ter gás para se concretizar.
Todavia, se concretizada a
devolução das peças que dão lustre oficial à carreira do célebre jogador de
futebol, ter-se-ia desencadeado uma enorme crise que talvez mais abalasse a já
mui frágil estrutura sociopolítica da sociedade portuguesa; dado que hoje o
futebol é um pilar em que assenta o desenvolvimento democrático do País, o
factor de animação, distracção e satisfação das imensas falanges de apoios e
desapoios do mundo futebolístico lusíada. E há generalizada consciência do
importante papel que a nação futebolista tem no (des)equilibro das fraternidades,
igualdades e liberdades dos grupos sociais em que se encontra fragmentada a
sociedade lusa e desconstruída a decadente nação que somos.
05. Também importa assinalar que
essa previsível enorme crise estava mesmo a faltar para compor o ramalhete das
crises em que se revê o Portugal destes atribulados tempos.
Agora, ter-se-á afastado esta
fascinante crise; talvez que não obstante o seu fascínio, tenha havido manobras
de bastidores do numeroso grupo de donos disto tudo e outros bons indivíduos,
mai-los filhos de vistosas famílias, galardoados pelos presidentes Soares,
Sampaio e Cavaco; os quais, venerandos chefes do Estado que temos, durante os
seus mandatos, fizeram largas encomendas e indecorosos aproveitamentos das
produções fabris de medalhas e peças ornamentais, com que festejaram figuras
eminentes que valiosas actividades desenvolveram e que soberbamente se
constituíram como relevantes exemplos para a nação dos imbecis e cretinos, por
aí espalhados a esmo.
06. Assinale-se… como - por
exemplo - aconteceu com o jovem alfaiate que, com desconhecido engenho e alguma
rudimentar arte decorativa, ornamentava o traje da primeira-dama do
ex-presidente cavaco e assim logrando ultrapassar uma crise de figuração
estética em termos femininos - citação ilustrativa do superior critério
ostensivamente usado com inteligência e oportunismo pelos magnânimos
presidentes que, forçosamente, gerava faustoso gáudio dos magníficos
contemplados.
07. No caso, no precedente anotado,
à época até se manifestaram duas crises: primeira, a mencionada e imprevista
crise de figuração estética na feminina criatura de presidencial textura; a
segunda, compaginada no menosprezo ou amnésia do ex-presidente Cavaco, que
tendo condecorado, sob estupefacção geral, o costureiro-alfaiate da primeira-dama
do seu staff presidencial, cometeu a leviandade de não galardoar a cabeleireira
(que, também ela, terá desempenhado uma acção decisiva no enfrentar a crise de
natureza estética, decorativa e claramente ornamental, com o assinalado êxito vislumbrado
pelo dedicado e cavacal esposo da ditosa D. Maria Cavaco), o cozinheiro, a
criada de quarto, o jardineiro e o motorista da sua esposa.
08. Para a História e nos anais da
Presidência da República, ficará o deplorável e incrível registo de um
presidente de cavacal expressão, que cometeu uma tremenda injustiça para com os
prestáveis serviçais de sua venerada esposa.
Em contraposição, também, no
acervo histórico das crises portugueses, ficaram indelevelmente anotadas,
sobressaídas e apreciadas, com deslumbramento, as duas crises cavacais que se
podem considerar autênticas preciosidades emblemáticas da era
presidencial/cavacal.
(continua na segunda parte)
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