Leitor,
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, maio 09, 2022

 

EXPOSIÇÃO “PROIBIDO POR INCONVENIENTE”

AFINAL, EXPOSIÇÃO TIDA POR CONVENIENTE

Brasilino Godinho

08/05/2022 

 

A Agência Lusa no dia 27/Abril/2022 noticiou a realização, na mesma data, da exposição “Proibido por inconveniente” - uma “mostra de vários testemunhos da censura” que prevaleceu durante os 48 anos de ditadura do primeiro regime fascista de Portugal (sob direcção de António Oliveira Salazar).

No decorrer da cerimónia inaugural, o historiador José Pacheco Pereira foi relatando exemplos do "grande objetivo da censura, que era esconder Portugal dos portugueses, não só a nível da oposição política, mas também a pobreza, as doenças e o desemprego".

Face a estas informações dirigidas ao público importa analisá-las com alguma imprescindível objetividade.

 

Em primeiro lugar, confirmar que no transcurso do poder salazarista existiu a censura praticada com grande rigor. No entanto, há que fazer registo de que havia generalizado conhecimento da respectiva prática, e das identidades dos indivíduos que a efectuavam.   

Aliás os jornais inseriam na primeira página a nota: “Este número foi visado pela Comissão de Censura”.

Realço a “virtude” de que a Censura era feita às claras.

O que releva de importância ao contrapor-se com o que se passa actualmente neste tempo de vigência do reciclado segundo regime fascista, sob o disfarce de Partidocracia. Agora, a Censura faz-se secretamente em diversos sectores da sociedade, até nas redacções dos órgãos de Comunicação Social e mesmo nos serviços da alta Hierarquia do Estado.

Tudo se processa à socapa e disso dou testemunho pessoal, na condição de vítima, de vários actos de censura relacionados com as actividades de escritor.

Mais afirmo: os processos censórios de agora, são muitíssimo mais perversos (pois que cuidadosamente escondidos) do que aqueles que existiram no Estado Novo, chefiado pelo ditador Oliveira Salazar.

 

Em segundo lugar, anotar a facciosa e inconcebível reserva de José Pacheco Pereira de circunscrever a censura ao tempo do primeiro regime fascista, chefiado por António Oliveira Salazar, como se neste segundo regime fascista, disfarçado de democracia, a censura não fosse praticada a torto-e-a-direito. Qual restrição mental que nele, conhecido adorno do sistema vigente, evidencia canhestra forma de desviar a atenção do público de tamanha faceta escandalosa da Partidocracia que tem arrastado o País no rumo de degradação da Pátria.

Assim, organizador da “mostra de vários testemunhos da censura” que prevaleceu durante os 48 anos de ditadura do primeiro regime fascista de Portugal faz, de viés, desviar atenções e passar a censura actual despercebida do público que acorre à exposição e que dela sai mal informado sobre tão execrável instrumento de opressão política e de impedimento da liberdade, que conta existência de 96 anos em Portugal, desde 28 de Maio de 1926 até hoje, dia 08 de Maio de 2022.

Ainda com foco em José Pacheco Pereira e na sua afirmação cito:

"grande objetivo da censura, que era esconder Portugal dos portugueses, não só a nível da oposição política, mas também a pobreza, as doenças e o desemprego"; hei dever cívico de enunciar uma interrogação ao povo português que concretizo parafraseando o consagrado comentador Pacheco Pereira da “Quadratura do Círculo” (talvez mais apropriado fosse designá-la pelo “Círculo da Quadratura”).

Pois que parafraseando Pacheco Pereira dirijo a pergunta ao povo português:

- grande objetivo da censura actual não é esconder Portugal dos portugueses, não só a nível da ocasional oposição política, mas também, a pobreza, as doenças, o desemprego e reprimir a voz dos humilhados, ofendidos, maltratados, carenciados cidadãos idosos e reformados que não sobrevivem com pensões de miséria; sobretudo, não será “cortar a raiz ao pensamento” concebido segundo os ditames da seriedade, da verdade e da justiça social?

Acrescento: quem ousa negar a existência em Portugal, na hora que passa, de tão abjecta, nociva e pecaminosa Censura exercida clandestinamente por tudo que é palácio presidencial; sítio governamental; domus municipalis; junta de freguesia; lugar da Comunicação Social; campo editorial; mercado livreiro; área literária; sector artístico; plataforma cimeira de gestão bancária; centro hospitalar; cenário paroquial; sede de partido político; teatro-circo político; loja de fraternidade maçónica; capela da Opus Dei; lar de terceira idade; colégio de freiras; seminário de padres; retiro de fado; clube de futebol; antro de prostituição; espaço da Internet; quartel de polícia; instalação militar; tertúlia literária na capital alfacinha; ordem honorífica; estabelecimento de ensino; júri de concurso público; plano inclinado do capitalismo selvagem; incluindo intramuros de A QUINTA LUSITANA explorada pelos atrevidos e detestáveis DONOS DISTO TUDO?

 

Em terceiro lugar, importa referir que o Presidente da República propôs que se fizessem conferências e debates sobre a censura que vigorou no tempo da outra senhora de matriz fascista.

Não fiquei surpreendido com a ideia. Faz sentido! De temor, de prevenção e de elementar cautela.

Dado que Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, nesta época de Partidocracia, tem sido regular praticante da tenebrosa Censura.

Escrevo com conhecimento de causa. Já por duas vezes ele me contemplou com actos de censura, embora da primeira vez, se tenha empenhado, por duas ocasiões, alta madrugada, através da via telefónica, em me convencer de que não fizera censura. Face à evidência do acto censório não me convenceu e disso ficou ciente.

Na segunda censura, já em pleno exercício da presidencial função estatal nem, sequer, me deu cavaco…

 

Reportando-me à sugestão, lançada pela marcelina autoridade presidencial, de se efectuarem sucessivas conferências e continuados debates sobre a Censura da época salazarista, observo que enquanto o pau vai e vem na dita, cuja, configurada pérola de bem zurzir no bestunto de muitas criaturas acéfalas, idiotas, facilmente convencidas; muitas outras ficam arredadas de conhecer as linhas com que se cosem as artimanhas correlativas à prática da Censura, do tempo presente, exercitada sob os auspícios da Terceira República; celebrada Partidocracia, beneficiando da superior inspiração, tutela, orientação e atenta vigilância de quem é mestre na matéria. E a quem, excelentíssima autoridade presidencial, deveria ser facultado o protagonismo da primeira conferência sobre a abrangente tradição nacional (96 anos) da Censura. Seria ouro cinzento a refulgir sobre azul enegrecido…

A bem da Partidocracia reinante. A mal da Pátria que tanto amo!