Só pode ser…
Bruxa má
Brasilino Godinho
Desde
os tempos da outra senhora, de
colorido cavaquista, que anda lá pelas bandas de Lisboa e por aí dispersa,
furtiva,empenhada, uma figura estranha, sinistra, que tudo leva a crer que seja
uma bruxa má. A endiabrada criatura mostra não ir muito à bola com os membros
aparentados com a família do esforçado patriarca familiar, de algarvia
descendência e com algumas outras pessoas de não menos ilustres famílias político-sociais.
A feiticeira
parece entreter-se muito com as andanças e os passos trocados nos domínios de
tão conceituados clãs. Está sempre, ao compasso do tempo, a pregar partidas e a
passar desavergonhadas rasteiras aos credenciados membros dos famigerados grupos
a que alguma gente chama de trupes familiares do nosso senhorial património
político.
São
em número apreciável as tropelias que indivíduos possuídos de boa vontade
apontam como sendo extremamente pecaminosas e que, poderão, eventualmente, ser invulgares
manobras de prestidigitação da maldosa criatura.
A
crer nas aparências e suposições ela, bruxa feia, velhaca e mal-intencionada, é
a autora dos desaparecimentos:
-
nos tribunais dos documentos e fotografias de complicados processos, como o dos
casos de pedofilia na Casa Pia;
-
no Ministério da Defesa (dos tempos do atraente e habilidoso Paulo Portas), de
documentos sobre o caso dos 2 submarinos de fabrico alemão;
-
dos documentos sobre os rendimentos de Passos Coelho a conectar com as
exigências do Fisco;
-
dos milhões de euros que se evaporaram do banco BPN;
-
dos créditos tão mal parados – que se lhes perdeu o rasto – da Caixa Geral de
Depósitos, do BCP e do Banif;
-
das avantajadas maquias de euros que, por artes mágicas e a partir do banco BCP,
em que eram gerentes, foram cair nas algibeiras de Jardim Gonçalves e de Paulo Teixeira
Pinto;
-
dos milhões de euros que, à semelhança dos emigrantes dos anos sessenta, foram a salto do Banco Espírito Santo para o
estrangeiro e deixaram os depositantes a ver navios (talvez os submarinos da
especial inclinação do já citado Paulo Portas);
- dos
milhões de milhões de euros que, a partir de certos bancos, se transviaram e foram cair de paraquedas em
determinados paraísos fiscais, sem a Autoridade Tributária, por ocasional
distracção, ter procedido em termos de cumprimento da sua função;
-
dos documentos relacionados com o caso do bebé morto no ventre da mãe, ocorrido
no hospital da Guarda.
As
entidades que zelam pela sociedade portuguesa não afectada pelo clima da
austeridade, face a tão graves maldades, provavelmente, vão atribuí-las à bruxa
má. O que tem alguma lógica. Afinal, só ela com os seus poderes de improvisação,
de sedução e de prestidigitação, poderá conceber as falcatruas, inventar os expedientes
e manobrar os instrumentos que lhe evitem os dissabores de ir passar (como
aconteceu ao Isaltino Morais e ao José Sócrates) desagradáveis momentos nas
confortáveis prisões de Lisboa e arredores, em facilitada expiação dos seus
terríveis comportamentos…
Conclusão:
Que a Guarda Nacional Republicana, tendo prática de caça à multa e largo
capital de experiência no combate aos caçadores furtivas e aos destrambelhados
condutores que circulam nas auto-estradas, consiga a proeza de capturar a endiabrada
criatura e lhe aplicar os correctivos da ordenança…
A
Bem da Nação!