Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, abril 29, 2012


BRASILINO GODINHO

Estimadas Senhoras,
Caros senhores,

O Presidente Cavaco Silva discursou na Assembleia da República no p.p. dia 25 de Abril.
Preocupou-se muito com uma sua concebida imagem idílica de Portugal a projectar-se na estranja.
Qualquer indígena pode dar-se ao exercício de elaboração de fantasias. O Presidente não pode conceder-se esse devaneio ou extravagância.
Ao mais alto magistrado do Estado exige-se rigor, objectividade e lucidez nas análises de avaliação da situação do País e das suas gentes – o que, no actual momento de avassaladora degradação é, por demais, pertinente e necessário.
Na circunstância, o presidente da República omitiu um factor muito importante: a boa imagem que o País transmite para o exterior é, sobretudo, a qualidade de vida dos seus naturais, a eficiência da governação, as variadas condições que são proporcionadas
aos observadores e analistas estrangeiros, sejam elas de natureza monumental, artística, científica, paisagística, de trato aos turistas, de acolhimento hoteleiro, gastronómica e, ainda, se fosse o venturoso caso, de competência, de seriedade e de dignidade instaladas na administração pública. Factores, à partida e sobremodo, a serem evidenciados na Assembleia da República.
Condição primordial para se conseguir projecção externa e apreço interno será, repetimos, antes de tudo, incrementar profundamente a EDUCAÇÃO e cuidar de introduzir na política e na administração as boa práticas da seriedade, da competência e da correlativa eficiência e, ainda, cuidar mais da fraternidade e da equidade na aplicação de medidas que afectam demasiado as classes mais desfavorecidas.
Prosseguir, com grande aprazimento dos mentores governamentais, no apregoado (por Passos Coelho) rumo do empobrecimento das gentes portuguesas é uma aberração, uma ignomínia, uma calamidade social com algum sentido criminável – que, registe-se, sucede em total violação da Constituição da República Portuguesa.
Um país pobre será sempre um pobre país vilipendiado.
Porque incomodado com a indiferença presidencial demonstrada no aludido discurso, face à dolorosa situação de Portugal, volto a publicar uma crónica que estabelece o contraste entre a realidade sentida pela maioria dos portugueses e a fantasiosa versão do Presidente.
Com os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho


Em contraposição à presidencial imagem de Portugal exposta no discurso de 25 de Abril de 2012, da presidencial figura, antepomos a verdadeira imagem do estado da Nação; a qual, antecipámos em 25 de Fevereiro de 2012.

Sábado, Fevereiro 25, 2012

Ao compasso do tempo…

AI, PORTUGAL!
Querem confundir-te com o (DES)GOVERNO…

Brasilino Godinho

Maldição…
Sorte de desgraça e vitupério. Triste fado enraizado na Lisboa de má fama…
Portugal e as gentes portuguesas não mereciam este quotidiano de infortúnio.
Nos últimos tempos muitos dos chamados políticos portugueses que se entretém a fingir que são políticos normais; pessoas devotas da Democracia; indivíduos dedicados à República; cidadãos zelosos dos seus deveres cívicos; homens de bons costumes, de fraternos sentimentos de igualdade e amantes entusiastas da liberdade; têm-se empenhado em imitar os papagaios, repetindo até à exaustão que Portugal tem de conservar a boa imagem face à comunidade das nações e aos mercados credores.
Já enjoa ouvi-los a toda a hora, repetindo o patético chavão.
Até porque antes de se contemplarem no despropósito que cultivam com o maior desaforo, frequente impudência e total leviandade, deveriam saber que as imagens de um país não se representam por um golpe de asa de atrevido espontâneo - qual Chico esperto a insinuar-se convicto vendedor de ilusões.
Na actual conjuntura, a imagem de Portugal centrada nos planos político/social e económico/financeiro - que é aquela a que reporta a propaganda oficial desencadeada para inglês ver e indígena convencer – está, irremediavelmente, feita em estilhaços.
Os habilidosos artistas da política à portuguesa pretendem que: se o Estado português cumprir o famigerado memorando do comité de três membros, triunvirato internacional (recuso-me, terminantemente, a pronunciar ou escrever a famigerada palavra russa - porque em português me expresso), que agora tutela, vigia e repreende a (des)governação deste país; e o Governo mais intensificar as medidas de austeridade; conseguir-se-á garantir o aplauso dos mercados e o reconhecimento da boa imagem de Portugal… – esta talhada à semelhança daqueloutra, obscena, do governo português. Confundindo o Governo com o País. Isto encenado no circo político, dito, escrito e repetido vezes sem conta e medida, é uma falácia. Conversa da treta! Insuportável! Haja contenção e respeito para com o povo sofredor.
Dando de barato o pleno cumprimento das imposições ou ordenações dos mercados e da senhora Angela Merkel, vindas através do famigerado trio internacional, esse desfecho não fornecerá a apetecida boa figura de um frágil Estado vegetativo, sito em pantanas. Pelo contrário, evidencia a menoridade de Portugal. Outrossim, a falência de uma política e o desconchavo de um governo. Também, a incompetência, a irresponsabilidade e a subserviência dos políticos e governantes portugueses. Mais: é causa de vergonha para os impolutos, honestos, íntegros, carenciados, portugueses - as grandes vítimas do descalabro a que nos conduziu o prosseguimento de insensatos comportamentos e desastrosas políticas.
Como é possível no estrangeiro e aqui, nesta pequena região europeia, encontrar alguém que, conservando-se minimamente informado e em pleno uso das suas faculdades de alma, possa admitir que Portugal suscita apreço e admiração pelo seu posicionamento no quadro europeu e a nível mundial; quando há um generalizado conhecimento das misérias que nos atormentam e nos diminuem perante os outros povos? Tais misérias são: Portugal não dispõe de uma reserva moral da Nação; a maioria da população está em precário estado de sobrevivência; o país tem elevada taxa de desemprego; o sector produtivo encontra-se à beira de colapso económico; a classe média prossegue vias de extinção; os idosos reformados da função pública, com parcos recursos financeiros, vão morrendo sem dinheiro para se alimentarem e para os tratamentos médicos; o comércio e a indústria seguem percursos de decadência e abandono, sucedendo-se as falências e os despedimentos dos trabalhadores; a corrupção é o grande, deletério, polvo com muitos e abrangentes tentáculos; a Justiça enfrenta vários constrangimentos funcionais; a Administração Pública definha, porque subvertida pelo clientelismo partidário; a estatística assinala um desemprego galopante de milhares de jovens licenciados que são incentivados pelos governantes a demandar a estranja em busca de ocupação e sustento. Acrescente-se à enumeração a tenebrosa espiral de endividamento do Estado, decorrente de empréstimos sobre empréstimos para pagar os juros da chamada dívida soberana (e quão soberana ela se irá manter por largo tempo). E registe-se: por aí e além fronteiras está exposto, em toda a refulgente(…) nudez, um vergonhoso Estado falido, sem meios financeiros, espaço e tempo, para proceder às amortizações das acumuladas dívidas; as quais continuam em crescendo, sem fim à vista.
É com esta confrangedora amostra da má qualidade de vida dos portugueses em Portugal (e em países como em França, Alemanha, Suíça e Bélgica, onde os nossos compatriotas passam fome, dormem nas estações ferroviárias e até, alguns, morrem nas vias públicas), que os arautos da falaciosa boa imagem do País julgam que convencem os portugueses da bondade da medonha austeridade e que enganam os observadores estrangeiros.
Pois desiludam-se. Estão caídos num absurdo mundo de fantasias inoperantes; quais seres pasmados, irrepresentáveis e sem préstimo à vista desarmada de preconceitos ou de ideias feitas. A merecerem um repúdio generalizado.

Permito-me fazer uma chamada de atenção aos leitores.
Falando de imagens de Portugal tomemos consciência da inconcebível e horrível imagem de um país (Portugal) cujos governantes estão muitíssimo preocupados em causar boa impressão aos seus homónimos Angela Merkel, Nicolas Sarcozy, aos agentes tutelares do País e aos mercados internacionais e, em simultâneo, se estão nas tintas e indiferentes face à avassaladora degradação das condições de vida da sociedade portuguesa, com realce para as inúmeras tragédias humanas que se vão sucedendo a um ritmo assustador. E ainda sujeitando o País a um preocupante futuro de perigos, danos, vergonhas e dependências vexantes.
Assentemos que isto é algo aberrante e escandaloso. Sobretudo, ofensivo da dignidade do País e dos seus naturais e íncolas.
                                                     Fim


segunda-feira, abril 16, 2012

Terça-feira, Novembro 18, 2008

Em tempo do compasso…

DEMOCRACIA EM PORTUGAL?

VEMO-LA POR UM CANUDO…

Vagamente, ao longe…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Segundo as aparências, também por comodismo e, sobretudo, pela inércia decorrente da insistência na ideia impingida a todos os instantes pelos grandes “artistas” do circo político instalado na praça de todas as inconveniências e arbitrariedades, ouve-se e lê-se em letra de forma que Portugal é uma Democracia. Sob o aspecto indiciário e de acordo com a existência de uma carta constitucional que a consagra, no âmbito das leis da República Portuguesa, assim é de Direito no quadro da formal legalidade.

Todavia, a situação real é a de nos aspectos operacionais concernentes aos actos políticos, aos procedimentos legislativos e ao corrente funcionamento da Administração Pública, determinantes do viver quotidiano das populações, tudo funciona como se não haja Constituição da República Portuguesa. Tão-pouco Democracia. Claro que sem as suas correlativas e necessárias implicações. As quais, certamente, a existirem, traduziriam uma mais cuidada e eficiente política apostada no interesse e benefício da comunidade. Igualmente, proporcionando numa melhor qualidade de vida das gentes portuguesas – o que, sublinhe-se, de forma natural adviria da regular aplicação dos princípios e valores democráticos.

Ponderando sobre a realidade que todos compartilhamos e uma vez que cientes do que caracteriza a Democracia, facilmente, nos apercebemos que a actual terceira república carrega o pesadelo de ser uma democracia trapaceira, desacreditada, ofensiva da Ética, da Moral e da Política – esta identificada pela verdadeira acepção do termo. Anote-se que o povo (nele incluídos os seus verdadeiros representantes e com ele plenamente identificados de alma e coração) está arredado quer da acção política, quer dos órgãos do Poder. Nem são as periódicas eleições que dão conteúdo à Democracia. Hoje elas são espaços onde cabem todos os expedientes e manipulações que confundem e iludem os cidadãos e abrem, aos demagogos, horizontes onde vão caber todas as posteriores traições às promessas feitas com dúbias ou velhacas e, quase sempre, oportunistas intenções.

Atente-se que temos de considerar a Democracia no seu verdadeiro sentido de ideal que é necessário prosseguir com afinco, porque somos todos partes interessadas na sua concretização; visto que dele, ímpar modelo de organização da sociedade, extraímos lições de vida e normas de conduta cívica. Se avançarmos nessa via, talvez possamos alcançar, num plano mais elevado, outras mais atraentes e benéficas condições de existência. Para isso se ir concretizando jamais esqueceremos que Democracia é conceito e palavra significante de governo do povo, pelo povo e para o povo. A ela associadas temos a sublime trilogia: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Decerto, que o conceito de Democracia tem em si algo utópico. Perguntar-se-á: A utopia será, de per se, factor de realização e (ou) de incentivo para a sua fácil e cómoda aceitação pelas humanas criaturas? Respondemos: Nunca se sabe se aquilo que hoje é utópico, não será amanhã consoladora realidade. Há exemplos de sucessos. Muitos na área das Ciências. E noutros campos.

Mas enquanto não se atinge o grau superior de funcionamento da democracia temos de redobrar esforços para no mais curto prazo isso ser alcançado.

Tendo estas determinantes a inspirar-nos na ordenação das reflexões que fazemos sobre a actual situação de crise, há necessidade de cada vez mais se exigir aos governantes e à sociedade: rigor, seriedade, zelo, competência e respeito pelos direitos dos cidadãos. Também se impõe a maior intolerância para as violações da Lei, para as práticas da corrupção e para a exploração do povo por parte de quantos dele abusam, o exploram e maltratam.

E aqui bate o ponto crucial. Nesta altura o País está a saque. Desordenado. As populações exaustas. Constantemente humilhadas, ofendidas, espoliadas dos seus direitos e maltratadas pelos políticos, governantes e classes possidentes. A severidade das autoridades parece só ter um alvo: não dar tréguas aos portugueses das classes desfavorecidas. Os ricos e poderosos escarnecem da Justiça. Escusam-se aos pagamentos dos impostos. Ou deles são isentos. Algumas vezes o Fisco os contempla com generosidade e lhes perdoa as dívidas. A censura prolifera a esmo por todos os sectores da sociedade e existe nos órgãos de comunicação social mais importantes. Mais perversa do que a censura dos tempos de Salazar, porque não se mostra ao público e é feita, à sorrelfa, nos gabinetes e nas redacções, por zelosos chefes e dirigentes, fiéis servidores de interesses obscuros Os escândalos na Administração Pública, nos bancos, nas empresas, nas autarquias, sucedem-se perante a passividade das autoridades e a indiferença das gentes. A insegurança alastra. Os aposentados da Função Pública, enriquecidos(…) com pensões de miséria, foram obrigados a pagar os correlativos impostos - o que agravou as suas periclitantes condições de sobrevivência. Os governantes prometeram ontem e hoje já estão negando aquilo a que se comprometeram. Não há vergonha. Nem senso. Nem responsabilidade. A impunidade enraíza-se. Instalou-se o medo na sociedade. A bandalheira é geral. Para onde quer que nos viremos só deparamos com disparates, crimes, agressões físicas e mentais, esbanjamentos de recursos, corrupções, misérias físicas e morais, carências, falcatruas – uma infinidade de actos e procedimentos que atingem os portugueses mais carenciados; enquanto os donos e exploradores da “QUINTA LUSITANA” vivem à tripa-forra com exorbitantes vencimentos, pensões de reforma milionárias e chorudos proventos de variadas naturezas; muitos deles, de proveniências duvidosas. Os pobres e remediados são forçados aos sacrifícios e pagam as despesas das crises. Enquanto os ricos e “donos” da “QUINTA LUSITANA” estão no palanque a divertir-se e a gozar o espectáculo dos desesperos e agruras dos indígenas.

Fixemos esta verdade: Um Estado que tanto descuida e agride a maioria dos cidadãos e com imensa falta de vergonha, sem resquícios de sentimentos de fraternidade e falho do espírito de bem servir a Nação, protege uma classe de influentes e poderosos, é - sem margem para dúvidas - um Estado antidemocrático. À deriva. Sem dignidade.

É um Estado que não se rege pelo Direito.

Configura uma Democracia de fachada. Oca. Vazia. Sem suporte de base.

Por aí, exibindo-se sem decoro, a democracia portuguesa se mostra vegetativa, peçonhenta, pequenina e rasteira. Ela é uma obscenidade! Uma infâmia! Uma farsa terrível! Um equívoco deplorável!

Democracia em Portugal? Uma miragem que se esvai rapidamente

Insistimos: Democracia? Que Democracia? Dava para rir, se não fosse trágico. Repelente!

Leitor, quiçá apreensivo, interrogar-se-á: De facto, o que temos a desgovernar-nos?

Sem hesitações, respondemos: UMA DITADURA!

Ditadura reles, promíscua, cobarde, destrutiva, causando danos irreparáveis em todos os domínios (socioeconómico, patrimonial, linguístico e cultural) da comunidade portuguesa. Com o gravame de, com formas eivadas de cinismo e profunda hipocrisia, se disfarçar com a máscara da Democracia – a qual, por acinte, renega, despreza, avilta e compromete.

Aliás, ditadura que, com poucas variações e algumas diferentes cosméticas e terminologias, está na linha de continuidade da ditadura de Oliveira Salazar. Verdade suprema: a textura atinente à matriz doutrinal, o modus faciendi e os objectivos, são quase os mesmos.

Assim, no nosso tempo, está evidenciado o persistente liame que, desde o fim do século XIX, prende e sustenta doutrinariamente todas as governações que se vêm sucedendo em Portugal.

Isto que escrevemos, arrasta a inevitável conclusão: Nem é por acaso que nos situamos já no interior do abismo

sexta-feira, abril 06, 2012

Ao compasso do tempo…

ARREPIANTE!!!

E SE ELE, MINISTRO,

TIVESSE FALADO DEPRESSA…

Brasilino Godinho

http://quintalusitana.blogspot.com

Ontem, dia 05 de Abril de 2012, no templo da sabedoria parlamentar, onde têm lugar os prolixos rituais dos respectivos sacerdotes e sacerdotisas e os patéticos artifícios exercitados pela rapaziada da governança, que é a designada Assembleia da República, instalado no antigo palácio beneditino de S. Bento, em Lisboa, aconteceu um insólito acontecimento que, se tivesse tido maior expressão dramática, nos poria, a todos, em doloroso transe, grande inquietude e em estádio de maiores agravos e sofrimentos, para além dos vivenciados no tempo presente.

Foi o caso do ministro das Finanças, Gaspar (de sua graça), qual calendarista, por demais precavido – não fosse entrar mosca na cavidade bucal – que no uso da palavra, em tom enfático, disse: “Deixem-me falar vagarosamente”.

E após uma breve pausa - e não tendo havido nenhuma oposição por parte dos presentes ao desejo formulado pelo orador – o senhor ministro mostrando-se sobremodo lúcido, sapiente, brilhante de raciocínio, assertivo conhecedor do calendário gregoriano, sentenciou, martelando bem e pausadamente as palavras, por forma a nem levantar atrevidas objecções: “O ano de 2015 é o ano consecutivo ao de 2014”. Assim dito, melhor pronunciado e superiormente determinado em são juízo e solene circunstância.

Um evento arrasador! Simplesmente, convincente. Bastante conforme às conveniências. Mui elucidativo do padrão cultural emblemático da instituição.

Mas com o respeito vulgarmente atribuído a um templo que desmerece do público, importa referir que no crítico - que somos - ficou a desconfortável interrogação sobre a forma de elocução e as inerentes consequências que adviriam para a criatura falante e para o povoléu se a excelência ministerial tivesse falado de pressa.

Desde logo, conjectura-se: O ministro Gaspar engasgar-se-ia? Entraria a mosca na sua boca? E não entrando mosca o que se representaria em alternativa? Como se costuma dizer: ele meteria os pés pelas mãos? Sucumbiria ao esforço do aparelho fonador?

Porém, mais complicado e prejudicial para a grei se pode considerar a terrível hipótese que se impõe à nossa reflexão: ou seja a de que o entendimento de Sua Excelência podia chegar ao obscuro ponto de decretar que o ano de 2015 em vez de se seguir ao ano de 2014, fosse transferido (arbitrariamente, por sua altíssima decisão) para outro período mais dilatado no tempo. O que seria uma outra tragédia…

Diga-se que tal expediente vindo da área do governo que temos, nem surpreenderia. Até porque alertados pelo previsível efeito de proximidade e contágio da actual tragédia grega e, também, decorrente da ameaçadora eliminação dos subsídios de férias e de Natal; cuja menção esteve associada ao referente temporal (anos de 2014 e 2015) citados pelo ministro Gaspar na intervenção aqui posta em causa.

Resumindo: Nesta extraordinária e histórica ocorrência havida no templo da sabedoria parlamentar, instalado no Palácio de S. Bento, sobreleva o facto demonstrativo de que os governantes, por vezes, não se enganam na contagem da sucessão dos anos… Isto em contraposição de que, não se enganando eles mesmos, estão conscientemente e com persistência a enganar o Zé-Povinho.

Este é o drama que, acarretando enormes e desastrosas consequências, nos atinge a todos com fragor e violência.

Fim

quarta-feira, abril 04, 2012

Republicamos dois registos

sobre a personalidade de

António Oliveira Salazar.

Para memória futura

e inserção na História de Portugal.

Quarta-feira, 04 de Abril de 2012

Terça-feira, Abril 07, 2009

Em tempo de compasso…

SALAZAR, GOVERNANTE HUMANITÁRIO?

DOIS REGISTOS PARA A HISTÓRIA.

Brasilino Godinho

À medida que, em tempo de compasso, o tempo vai passando ao compasso do tempo, intensificam-se as intervenções de alguns sectores da sociedade portuguesa ligados à extrema-direita que tentam branquear e endeusar a figura de António Oliveira Salazar; o mentor do Estado Novo apeado pela revolução de 25 de Abril de 1974. Persuadidos que as pessoas se vão esquecendo do passado e que as novas gerações estão dele alheadas ou impossibilitadas de lhe aceder, servem-se de tudo e das ideias mais inverosímeis para criar, sustentar ou fazer avançar, o mito da excelência qualificativa da entidade salazarista.

Um dos aspectos recorrentes dos interventores salazaristas concerne aos acontecimentos dramáticos da descolonização das antigas colónias portuguesas. As recordações desses tempos difíceis e dramáticos ainda estão bem vivas na memória das gentes, particularmente daqueles cidadãos e seus familiares que mais foram atingidos e muito sofreram. Todos devemos respeitar as vítimas e consagrar-lhes atenções e sentimentos de solidariedade, que nem por serem tardios deixarão de ter sentido.

Mas se assim deve ser, não se admite que, por razões obscuras e de instrumentação ideológica ou a pretexto de se defenderem as causas ou reivindicações de tantos atingidos pelo infortúnio e a desgraça de terem que abandonar, rapidamente, bens e haveres em terras de África, haja gente que venha apontar Oliveira Salazar como o governante que, se confrontado com semelhantes ocorrências, teria procedido com desvelo, carinho e eficácia, na resolução de tais situações.

É uma atitude cínica. Uma falácia abusiva, sem qualquer nexo à objectividade e à seriedade.

Ao fazer tal afirmação estou a recorrer ao meu conhecimento pessoal centrado no fenómeno da descolonização das colónias portuguesas e da primeira descolonização que se fez em África, a seguir ao fim (1945) da II Grande Guerra Mundial: a descolonização de Marrocos.

Naquela altura, tinha um familiar, um tio, fixado em Meknès, Marrocos e, quando da revolução de 25 de Abril de 1974, uma tia em Lourenço Marques (Moçambique). Até por estes circunstancialismos, estou bem informado sobre o tema em apreço.

Naquela época, Marrocos era um Protectorado Francês.

E logo após a conclusão do conflito entre os países “Aliados” (EUA, Grã-Bretanha e França) e os países do “Eixo” (Alemanha, Itália e Japão), irrompeu em Marrocos uma corrente política nacionalista reivindicando a independência do sultanado, cujo sultão era Sidi Mohammed Ben Yussef. A França, tentando manter a tutela sobre o reino marroquino, tomou a iniciativa de afastar o sultão Ben Yussef e colocou no seu lugar o tio dele, Sidi Mohammed Ben Arafa, valendo-se do apoio que lhe era dado pelo influente e poderoso El Glaoui, Paxá de Marrakech. Entretanto, houve um arrebatamento popular de violência tão intenso e continuado que a França teve de recolocar no trono o sultão apeado e entrar num processo de negociações que culminaram num acordo consagrando a independência da nação marroquina – o que aconteceu em 1956. Alguns escassos anos depois da independência desencadeou-se um novo surto de violência contra os estrangeiros residentes, visando a sua expulsão, que causou numerosas vítimas, grandes devastações e gerou um insuportável clima de terror que obrigou os colonos franceses, espanhóis, portugueses e italianos a debandarem de Marrocos.

É nesta terrível circunstância que os portugueses de Marrocos, desesperados, sem recursos, entram em contacto com o governo de Oliveira Salazar solicitando-lhe auxílio e protecção, tal como os colonos de várias nacionalidades fizeram com os seus respectivos governos.

Porém, enquanto os governos francês, espanhol e italiano, atenderam os seus cidadãos e negociaram com o governo marroquino as justas indemnizações devidas aos espoliados, o governo português foi a “ovelha ranhosa” que se recusou a prestar os auxílios diplomático e material necessários aos portugueses residentes no território marroquino. Apesar de terem feito várias tentativas nada conseguiram. Tudo em vão. A decisão final foi expressa por Salazar, numa entrevista pessoal, concedida a quem intervinha em prol dos nossos concidadãos que enfrentavam a terrível emergência de lhes faltarem os meios de subsistência - tal como aconteceria décadas depois com os retornados das colónias portuguesas de África. Então, Salazar, desumano, peremptório, implacável, sentenciou: Que se aguentem! Ninguém os mandou ir para lá. Melhor fora que tivessem ido para Angola ou Moçambique. Assunto arrumado.

Claro que poucos regressaram a Portugal. Indignados, maldizendo o País e o governante cruel (Salazar) que os abandonaram. Muitos acabaram por se dispersar por vários países; sobretudo, fixaram-se em França onde foram razoavelmente acolhidos pelas autoridades francesas.

Aliás, não foi só nesta ocasião que Salazar se revelou uma pessoa destituída de sentimentos de respeito pela condição humana dos concidadãos, sem disso os portugueses terem tido conhecimento. Ele teve semelhante atitude quando ocorreu a invasão de Goa, Damão e Diu. Queria que os soldados portugueses, sem armamento (em número e qualidade de armas) adequado para enfrentarem os invasores, se arrojassem para as frentes dos tanques inimigos e, assim, morressem ingloriamente sem a dignidade de um combate frontal, plenamente assumido e concretizado. Como se renderam, Oliveira Salazar quis castigá-los. Recusou-se a ir buscá-los.

Foi a ONU que alugou um barco e os foi recolher ao campo de concentração onde estavam cativos como prisioneiros de guerra.

Por estas e outras, que haveria a acrescentar no que concerne à personalidade de António Oliveira Salazar, é que sentimos repulsa e alguma indignação sempre que aparece alguém a falar na – suposta - faceta humanitária do chefe político que dirigiu Portugal durante um largo período do século XX.

Concluindo: Julgo importante que estes dois registos dos procedimentos de António Oliveira Salazar - que a Comissão de Censura, então existente, impediu de divulgação – aqui expostos, fiquem inclusos na História.

História que se quer autêntica. Não ignorante dos factos. Nem branqueadora deles. Tão-pouco, enganosa da grei. Ou fantasiosa das personalidades.

Para já, não vamos esquecer! A fim de não sermos intrujados pelas balelas ditadas por arrivistas irresponsáveis e (ou) ignorantes.

Nota: Entenda-se esta minha intervenção como uma homenagem à memória de alguns milhares de portugueses, ex-colonos de Marrocos, humilhados, queixosos e ofendidos, que pereceram sem, sequer, milhões de portugueses terem sabido do desprezo a que foram votados por Salazar e pelo seu governo.