Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, abril 30, 2007

Caríssimas senhoras

Prezados senhores

Aqui e com vossa condescendência, as SARAIVADAS da semana

Que elas lhes proporcionem descontracção.

Que é tão necessária num tempo de tristes palhaçadas do circo político…

Até o Zé-Povinho, perdido, sem ânimo, fraquinho, amargurado, mas conservando alguma dignidade, já se esconde porque a tanga está cada vez mais esfarrapada…

É que ela pouco tapa e quase tudo destapa…

Saudações cordiais.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: ESQUECIMENTO? OU DISTRACÇÃO DE SARAIVA…

No âmbito do seu “viver para contar” o Arq.º Saraiva, neste fim-de-semana – o último do mês de Abril – conta-nos a realidade da história dos engenheiros técnicos.

Trata-se de um texto bem elaborado. Aborda o assunto sob os variados aspectos que o caracterizam. Mostra conhecer bem os dados da evolução do processo de afirmação socioprofissional dos antigos agentes técnicos. Descreve alguns pormenores. Cita casos mais ou menos conhecidos dos percursos escolares de algumas personalidades.

Analisa com objectividade e abrangência a problemática em questão. Uma boa prestação jornalística.

Na rubrica “POLÍTICA A SÉRIO”, Saraiva insere um artigo em que foca “a tentação totalitária”.

Começa por minimizar a existência de uma extrema-direita e julga-a ao “nível da banda desenhada”. Santa ingenuidade…

Dá nota das implicações sociais da imigração que considera uma questão delicada. Sem a explicitar convenientemente, ela proporciona leituras equívocas.

Fala do nacionalismo e advoga que se cultive o orgulho de ser português. Acrescenta que se devem defender os interesses de Portugal “em todas as áreas: protegendo a nossa língua, a nossa cultura, as nossas empresas, os nossos direitos, as nossas águas”. Pois sim!...

Mas Saraiva fica-se pelo enunciado daquilo que se deve fazer. Nem uma palavra de censura dirige aos governantes que tão desleixados e incompetentes têm sido na prossecução desses objectivos. Ele retrai-se. Não vai ao cerne do problema. Não belisca. Não recalcitra. Contempla-se na observação dos factos sem deles extrair consequências e responsabilidades. Demite-se do rigor e da exigência da acção crítica. Sua dormência faz-nos lembrar a mansidão de um cordeiro pascal. Parece desejar manter-se nas boas graças dos políticos que, afinal, são os maiores responsáveis pela grave crise que o País atravessa. Dir-se-ia algo sem importância para Saraiva. Por omissão, acaba por ser mais um conivente. Porque, verdadeiramente, não obsta ou oferece resistência à execução das nefastas orientações políticas que arrastam o País para um abismo, quiçá sem retorno.

A seguir, tece algumas considerações de natureza histórica. Realça a condição de país atlântico e a convergência de interesses com outras nações do mundo lusíada. Expõe lugares-comuns bastante corredios nas lucubrações de vários inenarráveis comentadores integrantes das confrarias de irmãos, compadres e amigos, que se reclamam de pertencerem à melhor e mais sofisticada sociedade jornalística de Lisboa.

Por último, José António Saraiva foca a autoridade do Estado. Neste ponto e após formular pertinentes apreciações, remata o artigo apresentando aquilo que admite ser um programa (sem substância, inconsequente - na nossa opinião) de “cinco linhas de actuação que colocarão Portugal ao abrigo de qualquer tentação autoritária”. Ou sejam: “Controlo da emigração, defesa do orgulho nacional, recuperação das relações históricas com África, projecção de Portugal como país atlântico, afirmação da autoridade do Estado”. Aqui expostos a confusão de ideias e o grande engano de Saraiva! Ou terá sido esquecimento do factor essencial? Talvez, distracção?

A única forma da nação lusa afastar o real perigo do surgimento de um regime totalitário será proceder-se à regeneração da classe política, à instalação de governo competente, à reabilitação da Justiça, ao advento e consolidação de um estádio de desenvolvimento económico propulsor de melhor nível de vida das populações. Se isso não acontecer enquanto antes, iremos reviver o trágico filme passado no final da primeira república. Assim, espera-nos um futuro tenebroso que, sobretudo, atingirá os nossos descendentes.

Nem será a retórica oca e pretensiosa dos intelectuais auto-suficientes das tertúlias lisboetas e as prolixas linguagens de políticos cínicos e demagogos da alfacinha cidade, que evitarão o colapso desta terceira república; o qual, já desponta no horizonte próximo.

Oxalá que o facto de integrarmos a União Europeia nos dei alguma protecção. O que também é duvidoso, se acontecer o alastramento da mancha totalitária que já é uma ameaça latente no centro da Europa.

E já agora, não nos esqueçamos das condicionantes perversas implícitas na informação de um grão-mestre da secreta fraternidade: “A Maçonaria esteve sempre e continua a estar no Poder e com o Poder, quaisquer que sejam os regimes e os partidos instalados na governação de Portugal”. Desta certeza, todos devemos extrair as inevitáveis conclusões

segunda-feira, abril 23, 2007

Prezadas damas

Caros senhores

Junto as “SARAIVADAS” da semana.

As de hoje, com sabor alfacinha e sentidos (também apreciados) cheiros…

Saudações cordiais.

Brasilino Godinho

Um texto sem tabus…

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: Saraiva sente o cheiro de Cais do Sodré…

Mais: saboreia-o!

Esta semana, José António Saraiva no seu afã de “viver para contar” leva-nos até ao Cais do Sodré, em Lisboa.

Começa por dar a informação que o Cais do Sodré “é a única praça de Lisboa onde se pode tomar qualquer meio de transporte. Com excepção do avião, claro”.

Escuro, dizemos nós… Seria bom que - não podendo o Aeroporto da Portela estender-se ao Campo Grande, até à porta da residência do conhecido político João Soares (assanhado opositor da solução da Ota) assim facilitando-lhe a vida e o mínimo de esforço nos trajectos de ida para o avião e de regresso a casa – também fosse possível tomar o avião naquele largo que, segundo Saraiva, se assemelha a uma babilónia., onde “há gente a correr para apanhar o comboio” e “filas de pessoas caminhando em passo acelerado para não perder o barco”. Também, os indígenas que se misturam: uns que vão para os eléctricos; outros que esperam autocarros. “Para não falar dos que se atropelam para apanhar um táxi, que muitas vezes está ocupado. E em baixo, nos subterrâneos, movimenta-se uma mole humana que chega ou parte de Metro”.

Feita a descrição da mobilidade humana o Arq.º Saraiva diz-nos: “Não é vulgar encontrar, mesmo procurando pelo mundo fora, um largo servido por todos os meios de transporte. Mas curiosamente, apesar de já ter por lá passado milhares de vezes, só há dias me dei conta disso”.

Vamos por partes. O que nos parece invulgar é alguém se preocupar em encontrar “um largo servido por todos os meios de transporte”. Igualmente, muito improvável que algum excêntrico se dê ao imenso e exaustivo trabalho de tal largo procurar pelo mundo fora. Mesmo dando de barato que desista de o localizar pelo mundo dentro

“Curiosamente, apesar de já ter por lá passado milhares de vezes, só há dias me dei conta disso” – escreveu, textualmente, José António Saraiva.

Valha-nos o santo padroeiro de Lisboa! Então um cidadão passa milhares de vezes pelo Cais do Sodré, sempre distraído? E sendo antiga, como Saraiva afirma, a sua relação com o Cais do Sodré, que explicação ou justificação para tamanha desatenção? Os agentes reguladores do trânsito devem manter Saraiva “debaixo de olho”? Ele pode ser um perigo para o tráfego… Ainda para agravar o pandemónio – exactamente, numa “babilónia”…

Depois, Saraiva dá-nos uma referência inquietante… Havia por aquelas bandas um Porto de Abrigo, onde comia de vez em quando. Hoje não há mais porto, nem abrigo… Sequer rei a fazer anos…O citado refúgio está agonizante. Rezem por sua alma…

Formidável, o seguinte apontamento do Arq.º Saraiva: “Vale a pena passar por ali e sentir o cheiro – que a uma primeira impressão pode parecer pestilento, nauseabundo, mas que depressa se percebe estar impregnado de significado e de História. E enquanto se saboreia o cheiro admire-se o espectáculo das toneladas de salgados expostas nas prateleiras, penduradas no tecto ou acamadas em sacas de serapilheira”.

Sobre tal apontamento, desde logo nos interrogamos: “vale a pena passar por ali e sentir o cheiro” que para Saraiva é pestilento e nauseabundo? Saborear o cheiro? Comê-lo devagar, requintadamente e com prazer? Só masoquistas se disporão a essa experiência de tão repelente efeito. Embora “depressa se percebe estar impregnado de significado e de História”. Como assim? O cheiro horrível está impregnado de significado e de História?

Outra questão: Estará ao alcance de qualquer indígena aquele específico olfacto histórico de Saraiva? Além da circunstância única e intransmissível, de nele ser rápida a percepção do significado e da História estarem radicados no tal cheiro (muito mal cheiroso, passe a redundância), porquê isso haveria de suscitar prazer, interesse ou curiosidade?

E que dizer da dúvida subjacente: a abstracção em causa é de tal intensidade que - a uma segunda, terceira ou mesmo quarta impressões de um vulgar cidadão sem olfacto histórico - anula “o cheiro pestilento e nauseante”?

Ficámos baralhados e incrédulos quando Saraiva indica que “enquanto se saboreia o cheiro” (pestilento e nauseabundo) “admire-se o espectáculo das toneladas de salgados expostas nas prateleiras (…)”. Perguntamos: as toneladas expostas?... penduradas?... acamadas?... E dão espectáculo? De acrobacia? De cor? De dimensão ciclópea? De que natureza?

Na parte final da sua crónica o Arq.º Saraiva manifesta alguma frustração pelo insucesso das continuadas tentativas de persuasão junto de um desenhador do seu gabinete de arquitectura, que era um assumido chulo, no sentido de ele acabar com aquela situação imoral. O bom patrão Saraiva, revendo-se na melhor das intenções, fez tudo por reconduzir o devasso ao bom caminho. Infelizmente, em vão. Com trágicas consequências. O homem era incorrigível.

Pela nossa parte, após a leitura, compenetrados da tristeza de Saraiva e com o louvável propósito (segundo pessoal avaliação) de ajudar o arquitecto-jornalista a superar o trauma do desagradável insucesso como pedagogo e orientador de consciências mal formadas, veio-nos à lembrança um caso verídico também relacionado com a sexualidade, embora de cariz diferente da reportada no escrito em causa.

O caso foi revelado pelo distinto psiquiatra e reputado escritor sueco Axel Munthe, autor da conhecida obra “O LIVRO DE SAN MICHELE”. Ele fora consultado por um jovem diplomata que pretendia cura para a sua homossexualidade. O Dr. Axel Munthe esforçou-se durante uma larga temporada por conseguir libertá-lo da compulsiva tendência. E após as diversas fases de aparências da cura e das sucessivas recaídas, o famoso médico viu-se compelido a admitir o fracasso do seu tratamento. Mais tarde – à semelhança do que ora manifestou Saraiva relativamente ao seu colaborador de gabinete – o Dr. Axel Munthe amargamente reconheceu que: “Se ao tempo soubesse o que sei hoje, nem sequer teria tentado”.

Face ao que lemos, depreende-se que José António Saraiva, tantos anos decorridos, terá chegado a idêntica conclusão.

Terminamos, tal e qual Saraiva:”Todos os caminhos vão dar ao Cais”…

Fim

terça-feira, abril 17, 2007

Estimadas senhoras,

Caros senhores

Aqui vos apresento as “SARAIVADAS” desta semana.

Hoje, crónica algo diferente.

Certamente determinada por imperativo ético, prevalência de isenção na avaliação e sentido crítico responsável.

Com os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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Tema: Saraiva em grande estilo…

Estou convencido que esta crónica vai suscitar algum desencanto nos meus leitores fiéis. Porque habituados à leitura de uma escrita pautada pela ironia estranharão que, nesta, as figuras de estilo tenham sido arredadas.

Perguntar-se-á:

- Qual o motivo? O autor de “A QUINTA LUSITANA” perdeu qualidades de narrador? Minguou-lhe a perspicácia? Desvaneceu-se o seu sentido crítico? Entrou em processo de degeneração das faculdades de alma? Decaiu de tal maneira que já não dá uma para a caixa – como diria um “amigo da onça”? Calma aí, pessoal! Tanto quanto é possível ser juiz em causa própria vos digo que não se trata disso. A razão é simples. E decorre do contexto que a seguir se explicita.

- Ou, em contraposição, o Arq.º Saraiva no último fim-de-semana surgiu rejuvenescido, em grande forma? E, apresentando-se na plenitude das suas capacidades de escritor, não facultou matéria que desse azo a Brasilino Godinho fazer o exercício democrático da crítica ao seu peculiar estilo?

Entenda-se que, tal como muito bem disse o maestro António Vitorino de Almeida, é “Nossa função sermos críticos uns dos outros. Não se vive sem isso. Tanto para apoiar como para apontar falhas”.

Assim demarcada a validade e as facetas da crítica, o autor se por um lado sente natural frustração pela eventual desânimo dos leitores perante a falha de ironia na presente crónica; pelo outro prisma, reportado à qualidade de cidadão, experimenta a agradável sensação de se congratular pela inegável valia dos textos “Brincar com o fogo” e “Um suicídio colectivo” subscritos por José António Saraiva.

Com muita atenção, li e reli qualquer deles. Parágrafo a parágrafo. Fiquei satisfeito!

Mas, em abono da verdade, quase tentado a chuchar no dedo…

Saraiva estava com inspiração quando elaborou os referidos artigos. Escreveu numa linguagem fluente. Aprofundou as questões. Descreveu pormenores com interesse. Simplesmente notável a peça que contempla a deriva jornalística associada à moda dos brindes. Foi objectivo. Analisou bem. Sobressaiu a lucidez. Dois trabalhos importantes! Uma actuação impecável! (Que me trouxe à memória a extraordinária personalidade do pai, grande Mestre da Literatura Portuguesa, Prof. Doutor António José Saraiva).

Bravo!

Bato palmas! Sem favor… Menos ainda, sem sombra de pecado… de bajulação.

Um texto em tabus…

VISTO! LIDO! ENTENDIDO! RESPIGADO!...

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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Para não recuarmos muito no tempo fixemos atenção no antes, no durante e no depois da entrevista do primeiro-ministro à RTP, na noite da p.p. quarta-feira, dia 11 de Abril, do ano segundo da governação socialista, sob a direcção do Eng.º. José Sócrates.

Pertinente e oportuna a inquietante pergunta: Na actualidade, como nos encontramos no desencontro com a História e com nós mesmos?

A ditosa Pátria de Camões é uma evocação que surge quando o subconsciente nos conduz à meditação sobre as condições da vida nacional e dos problemas que afectam a sociedade portuguesa. E confrontados com a realidade invariavelmente pensamos que tempo houve de orgulho nacional. Logo, advém a óbvia conclusão: A radiosa imagem de Portugal perdeu-se, desgastando-se à passagem dos séculos, pós era dos Descobrimentos. Durante o século passado e no arrancar do evo XXI, acentuou-se o sentimento da perca. Ele está enraizado. Pior, ainda, porque reflectido nas difíceis circunstâncias que tão dolorosamente atingem os cidadãos.

Daí, podermos dizer que é monstruoso o luso Estado, pertença e em desconformidade do pequeno país que é Portugal. Pobre, a Nação portuguesa. Desiludido, amargurado e sofrido, o Povo; representado na figura do Zé-Povinho, de tanga esfarrapada que, mal e porcamente, lhe cobre as partes pudicas.

Neste quadro de contínua desgovernação, de incumprimento dos preceitos constitucionais, de fragilidades, de carências, de abusos, de corrupções activas e passivas, de intranquilidade social, de insegurança pública, de impunidade de tantos crimes e fraudes, de postergação dos valores da Ética, da Política, da Honradez, da Justiça, da Solidariedade, de incumprimento dos preceitos da Decência na vida pública e na vivência privada e de extensivas práticas de intolerável burocracia, de quase total irresponsabilidade, de faltas de respeito que nos devemos uns aos outros, de generalizada incompetência, de abrangente oportunismo e de um acumular de orientações políticas que arrastaram inúmeros cidadãos para terríveis condições de sobrevivência enquanto uma minoria de aproveitadores sem escrúpulos, sem moral e nenhum sentimento de fraternidade, auferem fabulosas remunerações, inconcebíveis mordomias e de obscenas isenções e perdões fiscais; tudo isto se verificando num país que tem o mais baixo nível de vida entre os parceiros europeus, que ninguém, em são juízo, ousa contestar, seria natural que as classes dos políticos, dos governantes e dos agentes económicos, tomassem propósitos de honra e atitudes de empenho em tudo fazerem para inverter o rumo dos acontecimentos e aplicassem saberes nas suas específicas competências no sentido de reconduzirem o País na senda do desenvolvimento, na prossecução da melhoria das condições de vida das populações e na retoma do esplendor de Portugal outrora celebrado de forma sublime nos cantos dos Lusíadas.

Essa seria a missão dos responsáveis. Atinente ao rumo que urge prosseguir em prol da grei.

Também aos órgãos de comunicação social lhes caberia um límpido e determinante papel - independente e algo distanciado do Poder - no acompanhamento das situações, na participação dos debates, na formulação das críticas, na constante avaliação da situação político-social e no permanente questionar o demérito ou a valia das soluções governativas.

Porém, a realidade é outra. Deplorável! Dramática!

Dito isto, só falta anotar que os portugueses são espectadores passivos de um teatro de hipocrisia, do faz-de-conta, do fingimento, cujos actores principais são grandes artistas nas respectivas especialidades. Geralmente, dominando com mestria a arte do embuste, são refinados oportunistas, assumidos perversos e, desavergonhadamente, mal-intencionados. Como é visto, percebido e comprovado no dia-a-dia.

Este ano de 2007 mal se iniciou e já tem um desagradável historial de peças levadas à cena envolvidas na auréola de grandes, pungentes, êxitos mediáticos. Noutra oportunidade nos referiremos a eles.

Por agora, importa considerar que em vez de a sociedade se interessar pelo debate político, pela discussão dos temas de interesse geral e pela crítica da situação, todo o mundo da política, da comunicação social e comportando alguma gente incapaz de coordenar ideias que se delicia no abuso da maledicência e exploração das fraquezas de alguém próximo ou com nome na praça pública, esteve entretido, nas últimas semanas, com a “novela” da licenciatura de Sócrates. Esta, teve o decisivo episódio na entrevista do primeiro-ministro à Rádio Televisão de Portugal na p.p. quarta-feira, dia 11 de Abril. Nela, o que vimos?

Os entrevistadores, jornalistas José Alberto Carvalho e Maria Flor Pedroso apresentaram-se tensos e carrancudos - devidamente municiados com papéis e documentos - e obstinados em interromper constantemente o entrevistado sem o deixarem concluir as respostas às perguntas que lhe dirigiam. A Pedroso, qual flor murcha, nem dava ténue parecença com a viçosa flor, sorridente e embevecida parceira das “Escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa”, nas noites domingueiras da RTP. O entrevistado, Engº. José Sócrates, apresentou-se descontraído, seguro, apetrechado com documentos que exibiu perante as câmaras. No tocante à sua formação académica foi convincente! Na segunda parte, referente à acção governativa enunciou uma série de medidas governamentais que se registam como outros tantos compromissos, cujo grau de avaliação de execução será equacionado no término da actual legislatura.

Ponto assente e incontestável: a questão da polémica gerada em redor da qualificação de engenheiro atribuída a Sócrates só poderia ter relevância moral se ela fosse indevidamente assumida pelo próprio – o que não é o caso, visto que agente técnico de Engenharia ou licenciado em Engenharia, segundo os costumes portugueses, sempre seria tratado por engenheiro. E, nota importantíssima, se estivéssemos num país em que a decência fosse um valor normalmente respeitado e valorizado no seio da sociedade.

Não é o caso. Ressalvando alguns membros conceituados, a classe política que nos desgoverna alegremente e com elevados aproveitamentos de natureza corporativa porta-se com indecência e não tem moral Mais: é intelectualmente desonesta: Absolutamente, muitos que andaram - e continuam - a atirar pedras a Sócrates, sobre a patética querela de ser ou não ser engenheiro, falece-lhes carácter e autoridade moral. Por norma de vida excedem-se na falta de vergonha e no atrevimento da maldade com que procuram superar a má educação e as dificuldades e incompetências no cumprimento dos deveres cívicos e obrigações profissionais, inerentes aos respectivos desempenhos no circo político-administrativo.

Ademais, é uma falsa questão. Os chefes de governo não ascendem aos cargos por imposição ou recomendação da qualificação académica. Depois, os agentes técnicos de engenharia sempre foram tratados por engenheiros. Hoje são designados por engenheiros técnicos – o que é uma redundância. Quer o bacharel de Engenharia, quer o licenciado em Engenharia são técnicos de Engenharia. Portanto, gastaram-se tempos, toneladas de papéis, incontáveis horas de emissões de rádios e televisões numa discussão de lana-caprina, travada num contexto de baixa política. Absurda! Idiota! Bem à medida da pequenez saloia de gente que se gosta de envolver na intriga e no bota-abaixo. Igualmente, segundo os primários hábitos de um país do terceiro mundo. Como se não houvesse problemas e situações graves a exigir a nossa atenção.

Na segunda parte da entrevista, o chefe do Governo, Sócrates, voltou a mostrar uma condenável insensibilidade para os problemas sociais e paras as dramáticas políticas aplicadas nas áreas da Saúde, da Segurança Social, das Finanças, da Educação, da Justiça e da prevenção e manutenção da Segurança Pública. Nestes domínios os entrevistadores foram displicentes e pouquíssimo objectivos. Sobretudo, haveria que questionar o primeiro-ministro quanto às precárias condições de sobrevivência de largas faixas da população mais desfavorecida. De salientar a carga negativa das inqualificáveis atribuições de impostos com que, a partir de Janeiro, do corrente ano, foram contemplados os aposentados da Função Pública dos escalões baixos e médios da respectiva tabela remuneratória, como se não bastasse as dificuldades que enfrentam devidas às pequenas importâncias das pensões que auferem. Aos quais foram atribuídos aumentos de miséria, tão mesquinhos que nem chegaram para a liquidação das unilaterais prestações tributárias, nunca antes exigidas por qualquer governo de direita ou de esquerda – o que se traduziu por uma efectiva e incomportável redução na pensão. Os graves problemas dos fechos das urgências hospitalares, dos encerramentos das maternidades, das reduções nas comparticipações para os medicamentos, consultas e tratamentos médicos, constituem-se factores que mais atingem os idosos e que deveriam ter sido considerados. Não menos importante na interpelação ao chefe do executivo teria sido focar o agravamento da carga fiscal resultante da acumulação dos aumentos dos impostos directos e indirectos que, sobremodo, afectam os cidadãos de menores recursos e inúmeras pequenas e médias empresas. E que, igualmente, sobrecarregam as atribuladas vidas dos idosos. Os encerramentos das escolas, a situação do Ensino e os maus-tratos que o governo e os ministros dispensam à língua nacional e à literatura portuguesa, seriam assuntos a menosprezar? E se ponderarmos que esses aberrantes procedimentos se conjugam com a promoção da língua inglesa nos programas escolares e na linguagem corrente, os fechos dos consulados que gravemente comprometem os elos da Diáspora à Pátria, a cessação dos subsídios postais aos jornais, cujos perniciosos efeitos incidirão na área cultural; concluímos que a entrevista não foi inteiramente conseguida como se impunha.

Lido! Visto! Entendido! Respigado!

Neste país e nas circunstanciais actuais, o processo mediático em curso relacionado com a licenciatura de Sócrates, lavado com espuma, desinfectado com os melhores detergentes do mercado e esterilizado segundo as técnicas aplicáveis mais modernas do Instituo Pasteur, com nódoas ou sem nódoas, não vale um tostão furado. Insistir nele é como chover no molhado. Remetam-no para o depósito das coisas inúteis.

Resultante de tamanha trapalhada, Sócrates enriqueceu a sua personalidade e o currículo das capacidades psíquicas, motoras e funcionais.

Pecador ou inocente, está reabilitado ou redimido das penas do Inferno. Porquê? Porque acrescentou uma qualidade: a de santo milagreiro. Por seu intermédio aconteceu um milagre extraordinário O milagre da conversão à Moral, que abrangeu vários sectores da população e os ora miraculados elementos da sociedade portuguesa. De facto, tudo que nossa vista alcança: clero, nobreza, povo, jornalistas, políticos, comentadores, responsáveis das estações de rádio e da televisão, pessoas que desdenhavam ou repudiavam a moral, de repente, imitando os camaleões, converteram-se à Moral. E foram mais longe: extremamente zelosos e determinados empenharam-se numa cruzada a seu favor. Coisa nunca vista em Portugal. Um fenómeno! Simplesmente fantástico!

Caso para dizermos: Não há fome que não dê em fartura

Pois queLouvado seja o Senhor Deus que habitualmente abençoa os exércitos que desfraldam as bandeiras da imoralidade existente na terra lusa. Até ele, solidário, terá condescendido e participado na cruzada deste invulgar e serôdio moralismo

Fim

quarta-feira, abril 11, 2007

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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Tema: Saraiva, feliz porque viu, “de muito perto”,

duas vezes Isabel II…

Costuma dizer-se que cada um come aquilo que gosta. Igualmente de admitir que se divirta ao seu jeito. Ou que seja feliz à sua maneira.

Esta semana, o arquitecto-jornalista José António Saraiva, mantendo-se fiel à sina de “VIVER PARA CONTAR”, brindou os seus leitores com uma narrativa sobre as peripécias relacionadas com a sua “ideia na cabeça” de, “olhando para cima em direcção da Rainha ter de fixar bem o momento” – um problema que se repetiu pelas duas vezes em que viu Sua Majestade Isabel II a dois passos de si. Naquelas ocasiões atormentava-o a ideia de que aquilo não se iria repetir. E não só. Acreditamos que a hipótese de a ideia se escapar da cabeça e de perder-lhe o rasto lhe trazia alguma inquietaçãoMais nos suscita a seguinte dúvida: se não olhava para baixo, face àquele esplendor régio, somente considerava a fixação dos momentos?...

A evocação desses episódios marcantes na vida de Saraiva vieram-lhe à lembrança quando viu “por estes dias” o filme “A Rainha”.

O famoso jornalista diz-nos que “no filme estão presentes dois mundos”. Em conflito? Coexistentes, em harmonia? Tal como o Rossio metido na Betesga? De concreto, nicles de bitocles. A ser verdade, tratar-se-á de algo perturbador, arrepiante e… devastador. Este termo, devastador, está omnipresente no “discurso” de Saraiva, como já anteriormente assinalámos. Desta vez, logo na legenda da fotografia que encabeça o texto, está escrito: “A Rainha-mãe, Isabel II e o seu conselheiro particular: um retrato devastador da corte”. Quem viva bastante arredado das cortes e não sendo perito em fotografia, perde-se em conjecturas sobre como será devastador o “retrato” que ilustra a prosa de Saraiva. Depois, no corpo do artigo, é o príncipe Carlos que é apontado a dedo e Saraiva assevera que, igualmente, “o retrato é devastador”. Vale a pena anotar: de quando em quando lêem-se comentários pouco lisonjeiros acerca da figura do herdeiro da coroa britânica. Mas nada que se pareça com o tenebroso retrato da criatura – ele, por si só, a crer em Saraiva, fautor de grandes desgraças. O Reino Unido que se acautele… e não se esqueça da perspicaz observação do conhecido periodicista luso.

O autor, Saraiva, deixa entrever que à escala global “é assustador o mundo da política dominado pelos media e pela obsessão de agradar”. Ele, com a prática de 22 anos do exercício das funções de director de jornais tem a experiência. Sabe do que fala Nada a contrapor. Confirmamos! Muito poderíamos acrescentar

De referir, a descrição pormenorizada dos embaraços de Saraiva às voltas com um convite para uma recepção no iate Britannia. Tão pouco ou tanto atribuladas que, quase próximo da Rainha, Saraiva teve que exercitar o engenho do disfarce de uma grossa cartolina (“tinha uns bons 30x20 cm, impressa a letras de ouro”) que devia ocultar, não fosse a real senhora incomodar-se com a visão do inestético cartão. Valeu a Saraiva um feliz acaso de inspiração. Confessa: “só encontrei um sítio possível; entalá-la no cinto atrás das costas, por forma a não se ver”. Muita destreza de mãos e sorte de a cartolina não ter uns maus 30x20 cm e de, naquela altura, ter as calças apertadas com um cinto e não com suspensórios. Saraiva livrou-se de uma grande enrascadaCertamente, a Divina Providência veio em seu auxílio. Pelos vistos, estar nas boas graças da Opus Dei é uma boa credencial junto do Criador. E traz algumas vantagensÀs claras!

Aliás, Saraiva que parece atrair o mau-olhado das bruxas, tantos são os desaires que lhe surgem a qualquer momento, dá conta da gravidade do transe porque passou ao destacar: “Quando chegou a minha vez de cumprimentar a Rainha, ainda estava de casaco aberto, a transpirar de nervosismo”. Caso para exclamar: Safa! Dá para imaginar o que teria acontecido se o circunspecto Saraiva tivesse que se apresentar com as calças na mão ou, vice-versa, com as mãos nas calças Deveras muito interessante aquela imagem de Saraiva a fazer a genuflexão do protocolo, a pegar, pela direita, na mão da soberana para lhe dar o ósculo da praxe, enquanto com a mão esquerda segurava com força e nervosismo o grande cartão contra o seu rabiosque. Uma cena de antologia e que para Saraiva será um feito único à escala mundial. Mais um título a juntar ao seu palmarés.

Infelizmente, a real personagem pairando no fantasioso éden das suas grandezas místicas, nem se dignou esboçar um sorriso para o desolado José António Saraiva. Perguntar-se-á: Ingrata? Presumida? Soberba? Arrogante? Peneirenta? Assim se julga. No entanto, Saraiva esquece-se da condição divina de Isabel II. Ela sendo chefe (Guia espiritual) da Igreja Anglicana não deve andar por aí a arreganhar a tacha para qualquer simples mortal, ainda que seja um lídimo membro da melhor sociedade lisboeta e mui conceituado intelectual das avenidas novas de Lisboa, como é o conhecido jornalista José António Saraiva.

Prestes a concluir a sua crónica, José António Saraiva desalentado, confessa: “Não foi, pois, muito gratificante este meu segundo encontro com a Monarquia inglesa”. Nossa derradeira surpresa. Então, Saraiva encontrou-se em Lisboa com o estado inglês regido pela soberana britânica? E nós, sem malícia, induzidos pelo próprio, acreditando que ele se encontrara com a Rainha Isabel II, de Inglaterra

Maior espanto se gerou no nosso espírito ao depararmos com o garrafal subtítulo: “Devo ser dos poucos portugueses que viram de muito perto Isabel II nas duas vezes que veio a Portugal”. Caso para gritarmos urbi et orbi: BRAVO!!! Venham as músicas! Toquem hinos de alegria! Lancem foguetes! Apanhem as canas e façam fogueiras para saltarem sobre elas como é hábito nas noites de Santo António, S. João e S. Pedro. Haja fogo de artifício! O “presidente de todos os portugueses”, em representação dos indígenas eufóricos com a agradável, surpreendente e estonteante notícia, não perca tempo: envie um telegrama de felicitações ao venturoso arquitecto-jornalista que, generosamente, nos brinda com tais atributos fora de série; os quais, são refrigério para nossas almas atormentadas pelos sofrimentos e desventuras a que estamos sujeitos neste desolador Portugal. Demos graças ao Senhor por nos conceder tais mercês com a requintada marca (saraivada) de garantia.

Sem dúvida, que acontecimentos desta natureza não se verificam todos os dias em Portugal. Há que divulgá-los. Enaltecê-los. Festejá-los. Com vista ao enriquecimento cultural das massas populares Igualmente, valorizando o acervo de pergaminhos do Arq.º Saraiva – pessoa que nos suscita a melhor atenção.

Condescenda-se que os sobreditos se constituirão registos históricos na vida de José António Saraiva.

Por isso, aqui consignamos um voto: Que o fervor sentido pelo Arq.º Saraiva, gerado pela milagrosa circunstância “de ser dos poucos portugueses que viram de muito perto Isabel II nas duas vezes que veio a Portugal”, lhe faça bom proveito à barriga e ao peito. Empanturrando aquela Inchando este Com uma prudente ressalva – não se entusiasme excessivamente ao ponto de lhe acontecer o mesmo que à imprudente e ambiciosa rã da fábula

Fim

quinta-feira, abril 05, 2007

Estimadas senhoras,
Caros senhores

Uma feliz Páscoa para todos vós.

Renovo o meu contacto para lhes enviar uma crónica sobre matéria contida na caixinha de surpresas que, normalmente, se abre de mansinho ao abrigo do sol que aquece e ilumina a praça lisboeta.
Cordiais saudações.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões de Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema IO risco de Saraiva ir ao estrangeiro: regressar e vir com uma ideia…

Dir-se-ia que o arquitecto José António Saraiva é uma pessoa triste. Propenso à melancolia. E tal como acontece com as pessoas alérgicas que devem afastar-se dos alergénios para evitar (ou aliviar) os efeitos das alergias que as afectam, assim ele deveria permanecer na ignorância das catástrofes naturais e dos eventos trágicos. Se possível e aprouvesse aos Deuses da sua devoção, não os ver ao perto ou ao longe. Nem mesmo através da visão panorâmica proporcionada pelo célebre canudo do Bom Jesus de Braga. Tendo em vista manter o espírito em alta e não se ir abaixo com repentinas depressões.

Esta semana, Saraiva consciente do seu fadário de “VIVER PARA CONTAR” inicia a sua prosa com a informação que: “A destruição que o mar está a provocar na Costa da Caparica recordou-me uma ideia antiga”. O que confirma a facilidade de Saraiva associar desgraças a tristes lembranças. Expliquemos.

Numa não mencionada data José António Saraiva foi a Copacabana na companhia de gente muito badalada na capital alfacinha

Ele imaginava ir ao encontro de uma praia com palmeiras, coqueiros e um “areal rematado por um mar azul”. Neste ponto, nosso reparo sobre o imaginário de Saraiva: o areal rematado como se fosse um chuto numa bola de futebol? Areal concluído ou fechado no alto? Vá lá perceber-se esta linguagem dos futebóis… Ou esta visão do areal coroado em que ignoradas alturas

Retomando o enredo: Saraiva, lá chegado, a Copacabana, quedou-se surpreendido. Porque mal julga quem não conhece

Que viu? Uma avenida marginal, uma faixa de areia e água turva. Turvo ficou. Também desiludido. E depois?

Diz-nos Saraiva com a proverbial candura: “Quando cheguei a Portugal trazia comigo uma ideia: a Costa da Caparica poderia ser, facilmente, a Copacabana portuguesa: com um areal que vai da Trafaria ao Meco (…)”.

Assim está expresso o perigo de Saraiva ir ao estrangeiro e voltar com uma ideia. Então Saraiva ficou agastado com as deficiências de Copacabana e queria reproduzi-las na Costa da Caparica? Esta não lembraria ao Diabo nem a um “amigo da onça”. “Poderia ser, facilmente”? Claro, que a pobreza franciscana é assimilada sem custo. Sabemos disso. Brejeira, própria de um espírito maroto, é aquela subtil indicação do “areal que vai da Trafaria ao Meco” – ou não fosse esta a praia onde se pratica o nudismo. Faltou a Saraiva apimentar um pouco a imagem paradisíaca com uma referência aos “brotinhos”

Mais nos interrogamos: Se a Caparica está a ser destruída pelo mar e esta desgraça trouxe a Saraiva, por associação de pensamentos, a ideia da “Copacabana de Lisboa” para quê construí-la? Qual a lógica da ideia proposta? Para ter o mesmo destino trágico? A nova Copacabana resolvia o problema do avanço do mar naquele local da nossa costa atlântica?

Mas há aquela nota estranha de Saraiva que nos deixou atónitos quando diz que trazia comigo uma ideia”. Bem, com enorme boa vontade, aceitamos que trazia consigo a ideia. Não obstante, leva-nos a pensar que, algumas vezes, Saraiva traz de algures, do planeta Terra, ideias que vêm por outras vias. Ideias que, afinal, viajam desligadas de si ou que, eventualmente, não o acompanham; como outrora acontecia com os bebés que vinham pelos ares em cestos sustidos pelos bicos das cegonhas Pior, ainda, que Saraiva nem seguirá as ideias por qualquer instrumento de controlo remoto. Aqui, anotamos a grande curiosidade de saber como Saraiva recupera - ou lhe chegam à mão de semear - as ideias que não traz consigo. Um fenómeno interessante E com valor científico, não desprezível, nos domínios da Neurologia, da Psicanálise e da Física. Certamente, uma pesquisa a encomendar ao cientista António Damásio e a conceituados discípulos de Sigmund Freud e de Guglielmo Marconi.

Em todo o caso e para encerrar o tema: Saraiva esteve satisfeito durante a viagem de regresso de Copacabana e, pelos vistos, continua feliz por tendo trazido consigo uma ideia a manteve em reserva até à actualidade.

Porém, como já deixámos antever, é um perigo Saraiva ir ao estrangeiro. Porquê? Porque, em cada viagem, traz uma ideia; independentemente de a transportar consigo ou confiada aos imprevistos da sorte, por qualquer meio de locomoção; talvez, à mercê dos cuidados de outrem.

Aqui, entre nós, melhor teria sido que a ideia da Copacabana portuguesa tivesse ficado esquecida lá no Rio de Janeiro; embora correndo o risco de os companheiros da viagem pegarem nela e, à socapa, sem pagarem direitos alfandegários, a transportassem (como se fosse contrabando) até Lisboa, onde a devolveriam a Saraiva que, feliz, exultaria face à agradável surpresa. O Balsemão, a Tita, o Granadeiro, a Marante, a Clara, o Coelho e o Vieira, são pessoas fixes, determinadas, generosas quanto baste. Provavelmente, tomariam o encargo graciosamente

Queremos expressar que a ideia de designar a Costa da Caparica por a “Copacabana de Lisboa” ou a “Copacabana portuguesa” evidencia um disparate semelhante ao de chamar a Aveiro a “Veneza portuguesa”. A cidade da laguna do Vouga e a Costa da Caparica são aglomerados portugueses com as suas respectivas identidades e para se afirmarem perante o País e o Mundo não podem, sobretudo, não devem enfeitarem-se com os atributos e os adornos alheios. Esta idiota presunção tem de ser liminarmente rejeitada por elementar dever cívico, por obrigação de fervor bairrista consciente e descomplexado e em inequívoca manifestação de respeito pela dignidade nacional. Também sendo uma lamentável e gratuita saloiice é absolutamente escusada e releva um espírito de desvalorização do nosso património, um abastardamento da alma lusa e uma total subserviência de quem se predispõe a colocar-se de cócoras perante os estrangeiros.

Posto isto, digam-nos se não é de gritar: Ó da guarda! Quando o famosos arquitecto-jornalista vai às terras da estranja?

Tema II -Saraiva “convidado” a pensar - pensou…

O arquitecto Saraiva há muitos anos que está desligado da profissão. E no seu artigo de fundo “O lado bom de Salazar” inserido no “SOL” sob a rubrica que, rotulada “POLÍTICA A SÉRIO”, soletrámos POLÍTICA A BRINCAR, denota que perdeu os sentidos de observação e da perspectiva.

Desde logo, fixou-se exclusivamente no “lado bom” do imóvel Salazar que tudo indicia tratar-se do saliente alçado lateral direito; sem querermos com esta observação considerá-lo na óptica de Saraiva: de ser conforme ao uso a que era destinado. Do lateral esquerdo nada observou. O que é natural. Visto que o mesmo estava deformado e escondido por uma opaca rede de protecção das mazelas irrecuperáveis. Mas surpreende que o famoso arquitecto não tivesse falado da fachada macilenta com aquele aspecto soturno a sobressair no estilo medieval e bafiento que caracterizava o desarmonioso corpo e a equívoca alma que lhe estava adstrita. Do mesmo modo, se estranha que nem tenha feito qualquer simples reparo ao tardoz cinzento, recatado, misterioso. Quanto à cobertura, o conhecido “chapéu”, nem uma palavra sobre a capacidade de escoamento das águas que por ele escorriam inundando os jardins do Palácio de S. Bento e, muitas vezes, atingindo com violência os indígenas desprevenidos.

É certo que o articulista nos indicou, nas primeiras linhas da sua memória descritiva, que não justificaria a funcionalidade do imóvel. Pelo contrário, predispunha-se a comentar uma “gala” que, no seu entender, “teve momentos cómicos”.

Por consequência, Saraiva apreciou a “vitória” de Salazar. Com alguma benevolência e acanhamento registou a “meia-vitória” de Cunhal. E não gostou que, segundo a sua opinião, a RTP desvalorizasse o concurso e a Maria Elisa tivesse dito que o mesmo “não passava de um passatempo e que o resultado não devia ser levado a sério”. Vejam só o que a Maria Elisa disse Portanto, esse foi o erro da RTP. E o pecado da apresentadora. O conhecido arquitecto-jornalista, Saraiva, não desculpa o desacerto da televisão estatal. Não perdoa a pecaminosa atitude da profissional Elisa.

A seu ver, a “vitória” de Salazar valeu a pena porque ao menos convidava a pensar. E sentindo-se convidado Saraiva pensou! Aleluia! E com que profundidade

Quer dizer - no que tocou a Saraiva - que Maria Elisa esteve a falar para o boneco. Ela bem procurou, à última hora, pôr algum bom senso na avaliação da pantomina. Tarefa inglória.

Pois impressiona a ligeireza das considerações do pensador José António Saraiva. Mais destacável a confusão que se estabeleceu na sua mente. Comentar uma brincadeira de mau gosto, extrair ilações de um escrutínio feito através de telefonemas anónimos que, simplesmente, foi um passatempo, escapa a qualquer sentido de lógica e de objectividade numa qualquer análise, por mais rebuscada que seja a pretensão de concretizá-la com um mínimo de seriedade. Ainda por cima, a apreciação do concurso é simples: tratou-se de uma farsa e de uma enorme falha de ética. Igualmente, uma escandalosa falta de respeito pelas figuras da História de Portugal. Outrossim, grande ofensa à inteligência do vulgar cidadão.

A desgraciosa faceta do texto em causa é que José António Saraiva tomou muito a peito o ridículo tema como se estivesse a analisar um transcendente assunto. E foi mais fundo no desapego à higiene da alma: contemplou-se muito sério, compenetrado e, presume-se, sem se rir, da suposta validade da intricada e descabida tese que expandiu de forma prolixa.

Enfim, não dando para chorar, sempre resta em aberto um razoável espaço para sorrir

Fim

terça-feira, abril 03, 2007

Um texto sem tabus…

NA FARSA DO ABSURDO CONCURSO

A RTP FOI DESRESPEITADORA

E IRRESPONSÁVEL …

Brasilino Godinho

A RTP - Rádio Televisão de Portugal tem a sede localizada em Lisboa. Os seus dirigentes, funcionários e colaboradores são naturais ou residentes na capital do ex-Império. Tal como outros órgãos da Comunicação Social a televisão financiada pelo Estado enferma, por contágio, de um mal endémico da cidade alfacinha. Por habituação introduzida nos costumes, actualmente, em Lisboa, não só se aceita a descarada cópia, como se facilita o ousado plágio. Dá impressão que se vai mais longe: incentivam-se e festejam-se os plágios. Os plagiadores pensam: Para quê trabalho, esforço, pesquisa e lucubração? É tão fácil a apropriação do labor alheio… E, pessoas espertalhonas, agem em conformidade com a lei do menor esforço. Igualmente, evidenciando o maior desaforo.

Desde que uma conhecida bióloga da nata alfacinha se permitiu a desfaçatez de copiar (traduzindo) dois artigos de uma publicação norte-americana alegando que o fez por estar cansada, os plágios passaram a integrar o modus-faciendi de muita rapaziada do meio intelectual lisboeta. Um regalo compensador facilmente desfrutável como, aliás, sucedera com a percursora que, despedida de imediato da revista onde inserira a matéria plagiada, quinze dias depois era reabilitada com espantável fotografia de capa e grande entrevista nas páginas centrais de uma revista do mesmo grupo editorial. Se bem nos lembramos a desenrascada senhora chegava ao ponto de afirmar que tinha muito orgulho do plágio que cometera. Bonito! Exemplar! Educativo! Mais de notar tratando-se de uma professora… E hoje aí está ela aparecendo radiante, à-vontade, por tudo que é sítio de exposição pública, pelas televisões e focada pelas diversas publicações cor-de-rosa que reportam as noitadas e os deboches da fina-flor que frequenta as discotecas da Av. 24 de Julho, em Lisboa e da linha de Cascais.

Mas como íamos dizendo, por norma de programação, abusa-se da prática de copiar as ideias e os programas das entidades congéneres do estrangeiro. Do mesmo modo inconsciente se aceita tudo o que vem de além fronteiras. Os produtos originários doutros países são sempre melhores que os nossos. E aceitáveis, sem discussão ou juízo crítico. Às cegas, como sucedeu com o estapafúrdico formato do concurso da TV inglesa que a Maria Elisa puxou para si durante a sua estadia em Londres e não esqueceu na bagagem com que se apresentou na sede da RTP.

Por isso, todo o mundo da saloia região de Lisboa se acomodou à iniciativa da Maria Elisa de reproduzir na RTP o imbecil concurso da televisão inglesa no qual apareceu em terceiro lugar a virtuosa princesa Diana… O idêntico que foi lançado pela RTP tinha por fim a escolha do “maior português de sempre”. Do lado de cá, na paisagem circundante a Lisboa e para não fugir à regra, certa malta acomodou-se e, alegremente, entrou na brincadeira de mau gosto.

Não é por causa da classificação atribuída no grande final que verberamos a realização do famigerado concurso. Mas sim porque o disparate é aquilo que é: uma inequívoca tolice. E não fora o alarido e a confusão que vai por aí a baralhar as mentes de cidadãos influenciáveis, nem valeria a pena gastar tempo a comentar o absurdo. Porém, esta é a situação e não devemos ignorá-la.

Cumpre-nos frisar o seguinte: logo que o dito concurso foi anunciado reagimos e viemos a público denunciar a insólita, descabida, e inqualificável realização. Nessa altura, empenhámo-nos em demonstrar que a RTP se interessa muito pelas audiências e pelo que julga ser um chamariz para as alcançar. E pouco por aquilo que, nos domínios da Cultura, pode contribuir para a elevação intelectual do Zé-Povinho. Mais, dizíamos que a evocada utilidade de levar os portugueses a interessarem-se pela História carecia de fundamento e objectividade, atendendo ao reconhecido desinteresse das estações de televisão pela Cultura e - como se provou - ao alheamento dos votantes sobre as figuras que marcaram efectivamente a evolução e a glória do País. O proveitoso ensino da História pelas televisões e o interesse por ela não se conseguem com espectáculos ligeiros, estupidificantes e de controvérsia entre os seus actores; mas através de programas culturais devidamente estruturados a cargo de especialistas, transmitidos em horários acessíveis ao grande público. Ao contrário daquilo que faz a RTP quando decide transmitir alguma peça de carácter cultural e a relega para horas mortas de fraquíssima audiência.

Depois e mais relevante é a inabalável certeza que ninguém está em condições ou dispõe de capacidade para classificar uma personalidade como o maior português. Ou o pior português, à semelhança do que, em contraposição e com algum sentido de espírito de animação da polémica, fez a SIC. Por sinal, com o mesmo vencedor: Salazar. Engraçado… Salazar conseguiu o pleno: ser o melhor e o pior português Desfechos bastantes elucidativos da credibilidade destes concursos. Que só servem para mostrar as fraquezas e os voluntarismos de certa gente.

Logo, o concurso da Maria Elisa e da RTP foi uma anormalidade cultural, uma abjecção cívica, um abominável expediente de ocupação de tempos de antena. Pior, ainda, as visitas às escolas, com a finalidade de chamar a atenção das crianças para o desenrolar do espectáculo. O que terá sido um aberrante processo dotado de todos os elementos capazes de subverter a aprendizagem da História. Decididamente: Uma brincadeira intolerável. Não se brinca com coisas sérias. Há limites de indecência e de precariedade mental que nem devem ser atingidos; muito menos ultrapassados - como aconteceu nos tristes acontecimentos que animaram a paródia televisiva. Sim, tratou-se de uma irracionalidade!

Por outro lado, sobressaiu uma enorme falta de respeito pela memória de muitos portugueses que, ao longo dos tempos, dignificaram a Pátria. Foi cometido um abuso imperdoável. Com que direito se veio dizer que eles eram “candidatos”. Como assim? Eles, a partir do outro mundo etéreo onde se encontram, passaram procuração a alguém para os “candidatarem”? Com que prerrogativas e direitos de exploração da imagem de cada um deles a RTP e a Maria Elisa se permitiram utilizar os nomes e as memórias das personalidades históricas num concurso de selecção a macaquear os concursos das meninas para apurar a mais bela e as competições de popularidade dos artistas e dos futebolistas? Que resultou de determinante da deplorável iniciativa? Nada! Eventualmente, restará para a posteridade uma vaga lembrança de um espectáculo ridículo e de uma coisa sem nexo.

Mesmo os dois vencedores nunca admitiriam serem incluídos em semelhante palhaçada de muito mau gosto. Quem conheceu os seus percursos de vida não terá dúvidas acerca do repúdio que a ideia lhes mereceria. Uns e outros, dos muitos portugueses ilustres envolvidos pela Elisa e companhia na estúpida disputa, não mereciam tamanho ultraje. Espanta que naquela casa não tivesse havido um administrador, um director, um qualquer cidadão responsável com sentido das conveniências e a percepção do ridículo que se opusesse a tempo de evitar o “gratuito” atentado à Ética, ao respeito que devemos a vivos e a mortos e ao supremo valor da Responsabilidade. Quem colaborou na pantomina deu prova de arrepiante tacanhez de espírito. Aquele insólito espectáculo em que colaboraram professores, jornalistas e políticos – representando, a título individual, uma confrangedora e perturbante intervenção que se julgaria inviável - merece a condenação dos portugueses que se revêem nos valores das faculdades de alma (inteligência, seriedade intelectual, clareza de raciocínio, sentido crítico) e no respeito que devemos à memória dos mortos e a nós próprios.

A RTP foi desrespeitadora e irresponsável.

Todos que colaboraram na farsa ficaram mal na fotografia…

Felizmente que de tal evento se destacou uma consoladora realidade: numa população de dez milhões de pessoas apenas uma ínfima percentagem, que não chegou aos dois por cento, se mobilizou para partilhar do disparate. Apesar da intensa propaganda desenvolvida por todo o País pela RTP, pela Internet e com recurso aos mais variados meios publicitários.

Valha-nos isso! Em exaltação do bom senso do Zé-Povinho.

Enfim, nem tudo corre de feição para a bicharada que nos atenaza…

Fim